Até o fechamento desta edição, sete pessoas haviam sido detidas nos protestos de ontem, em Curitiba. Uma delas é adolescente. Essas pessoas faziam parte de um pequeno grupo de quase 30 pessoas que, durante o protesto em frente do Palácio Iguaçu, chutaram os portões da sede do governo, picharam paredes, quebraram uma porta e jogaram objetos na imprensa. A maioria dos manifestantes se manteve pacífica. Apenas com a intervenção da Polícia Militar, essas 30 pessoas dispersaram. Três pessoas ficaram feridas.
Grupos
Em meio a comemorações pela queda da tarifa de Curitiba, considerado um passo importante pelos manifestantes, um clima de tensão existia logo no começo da passeata, volta das 18 horas de ontem. Um grupo de pessoas com bandeiras e camisetas do PSTU e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) também participava dos protestos. Diferente de segunda-feira, em que havia uma unidade, ontem três grupos marcharam separadamente.
Em meio a gritos de "sem partido", um grupo seguiu para a Praça Tiradentes, e outro, com as bandeiras vermelhas, pelo calçadão da Rua XV. Os dois acabaram se encontrando em frente da prefeitura de Curitiba, no Centro Cívico. Um terceiro grupo foi para sede da Urbanização da Curitiba (Urbs), na rodoferroviária.
No quarto dia de manifestações em Curitiba, as vozes das ruas seguem gritando por várias causas. O pintor Diego Rodrigues de Castro, 26 anos, não pensava em protestar até segunda-feira. "Senti o clima diferente na cidade, as pessoas comentando. Percebi que eu tinha que estar aqui", explicou. Morador do bairro Boqueirão, ele luta para mostrar a importância de responder aos governantes nas ruas. "Sou contra o voto obrigatório. Estou aqui por isso. Se as pessoas deixarem de votar em grande número, os políticos vão parar de roubar", disse.
A analista de crédito Caterine Passos, 19, tem participado das manifestações ocorridas na cidade. A luta dela é pela educação. "É o que todo mundo quer. Mais respeito ao cidadão", ressaltou.
Eles foram
A curitibana Silvana Baldini, 44 anos, deixou a cidade em que nasceu ano passado porque não conseguia encontrar vagas para trabalhar como professora de História. Ela ensina em uma universidade de São Paulo e voltou especialmente ontem para engrossar o coro de protesto pela baixa da tarifa para R$ 2,60 e melhorias na qualidade da educação do país.
"Fiz questão de vir. Sou viúva e não tive emprego aqui ano passado. Fui morar em São Paulo e voltei só para protestar na minha cidade", afirmou Silvana. Ela foi uma dos cerca de 3,5 mil manifestantes que, debaixo de muita chuva e frio, foram até a Boca Maldita e marcharam pelas ruas do Centro de Curitiba até o Palácio Iguaçu, sede do governo do Paraná.
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