Cerca de 800 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) chegaram ontem a Curitiba para participar da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária. A mobilização é para cobrar o assentamento de 5 mil famílias acampadas no Paraná, o equivalente a 20 mil pessoas. Em todo o Brasil, o MST pede terra para 90 mil famílias, ou 360 mil pessoas. Os manifestantes também lembram os 14 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, quando 19 trabalhadores rurais foram executados pela Polícia Militar paraense.
A primeira manifestação do grupo ocorreu por volta das 7 horas, na BR-277, em frente ao Monumento Antônio Tavares Pereira, que homenageia um sem-terra assassinado em 2000 durante ação violenta da Polícia Militar. Por volta das 9h50, os trabalhadores chegaram à Praça 29 de Março, de onde iniciaram a marcha até a sede da superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Paraná.
Um carro de som acompanhou os manifestantes durante a passeata. Em parte do percurso, músicos tocaram canções populares e regionais, líderes do movimento discursaram e os sem-terra gritaram palavras de ordem. "Não estamos aqui para perturbar o trânsito, mas para mostrar às autoridades o descaso com os pobres que produzem o arroz, o feijão e a carne que estão na mesa do trabalhador", disse Armelindo Rosa da Maia, da Coordenação Estadual do MST.
Para o líder sem-terra, o investimento na reforma agrária é fundamental para fixar o homem no campo, evitando o inchaço urbano e a formação de bolsões de pobreza nas periferias dos grandes centros.
Às 11h30, o superintendente do Incra, Nilton Bezerra Guedes, recebeu a pauta de reivindicações do movimento, entregue por Armelindo. Os sem-terra reivindicam a aquisição de áreas para assentamento de 5 mil famílias no Paraná e ampliação de investimentos em educação e infraestrutura nos assentamentos já existentes. "Os assentamentos precisam de infraestrutura básica de água, luz, estrada, escola, moradia, lazer, cultura e saúde", argumenta o sem-terra.
Na área de educação, os sem-terra pedem investimentos de R$ 2 milhões para viabilizar cursos para formação de técnicos em administração e contabilidade para as cooperativas (50 vagas), de graduação em Pedagogia (50 vagas) em parceria com a Universidade Estadual de Maringá (UEM) , especialização em ensino de quinta a oitava série e educação de jovens e adultos (40 vagas) e escolarização dos assentados (40 vagas). O MST reivindica também regularização ambiental e assistência técnica nos assentamentos.
Hoje e amanhã, os líderes do movimento participam de reuniões de negociação no Incra. Os sem-terra permanecerão acampados no Ginásio do Tarumã até sexta-feira, quando se reúnem com autoridades estaduais e federais no Museu Oscar Niemeyer.
Assentamentos
O Incra promete vistoriar cerca de 35 mil hectares em cerca 90 imóveis em 2010 para obter áreas destinadas à reforma agrária. Para este ano a meta é assentar 1.080 famílias. O instituto planeja investir, até o fim do ano, R$ 2,7 milhões em crédito para instalação de 390 famílias e outros R$ 4,1 milhões para a implantação e recuperação de infraestrutura de projetos de assentamento de 181 famílias.
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