Convivendo com atrasos salariais desde o início de 2016, motoristas e cobradores de ônibus de Curitiba relatam dificuldade em manter em dia as contas de suas famílias. Sem saber ao certo a data em que vão receber o salário, os trabalhadores têm pago juros de contas atrasadas todo mês.
Um motorista que presta serviços à CCD, uma das quatro empresas que atrasaram os salários de dezembro, afirma pagar por ano ao banco o equivalente a um vale - o adito quinzenal, que equivale a 40% do salário - só de juros pelo atraso da prestação do carro. “A prestação é de R$ 345 e vence todo dia 20, exatamente o dia do vale. Como o salário tem atrasado sempre, pago R$ 40, em média, de juros”, reclama o motorista, que prefere não ter o nome divulgado e cujo salário sustenta sozinho a família com esposa e filha de 17 anos.
O salário dos motoristas é de R$ 2.201 e dos cobradores R$ 1.246. Segundo Sindimoc, sindicato que representa a categoria, houve atraso salarial em todos os meses de 2016. As empresas que mais atrasaram, de acordo com a entidade, foram Araucária, Tindiquera, CCD, Tamandaré, São José Filial e São José Matriz.
Outro motorista que prefere não ter o nome divulgado e trabalha na Araucária afirma que por causa do problema no pagamento atrasa todo mês o aluguel da casa onde mora. “O dono da casa já até sabe que o aluguel pode atrasar. Não preciso nem avisar”, ressalta o funcionário, que além do aluguel paga pensão alimentícia para uma filha de 11 anos e mora com um filho ainda bebê. O motorista, que também prefere não ter o nome divulgado, diz que antigamente ser motorista ou cobrador era garantia de receber. Bem diferente de hoje. “Era até difícil de entrar [de tanta concorrência que tinha pelas vagas]”, ressalta ele, que deixou a profissão de motoboy em 2011 para virar trabalhador do transporte coletivo.
Protestos
Motoristas e cobradores de Curitiba fizeram pelo menos 20 protestos por atrasos salariais em 2016. A última foi terça-feira (10), quando funcionários da CCD e da São José Filial cruzaram os braços por não terem recebido o pagamento de dezembro. Eles voltaram ao trabalho no mesmo dia após promessa de pagamento para esta quarta-feira (11). Segundo o Sindimoc, as empresas São José Filial e CCD executaram o pagamento conforme o acordo.
Para tentar resolver o problema, o Sindimoc protocolou um pedido de audiência em caráter de urgência com o prefeito Rafael Greca.
O Setransp – sindicato que representa as empresas do transporte público de Curitiba – informa que o atraso é reflexo do desequilíbrio econômico-financeiro dos contratos de concessão. Segundo o sindicato, a Urbs tem feito projeções equivocadas de passageiros para calcular a tarifa – o que acaba reduzindo o valor recebido por passageiro transportado.
Em nota, a Urbs disse que está “rigorosamente em dia” com os repasses do Fundo de Urbanização de Curitiba (FUC) e que as empresas do transporte coletivo são remuneradas de acordo com o que determina o contrato.
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