O desfile de retorno da Nenê de Vila Matilde ao grupo especial do carnaval de São Paulo foi marcado por atraso e emoção. A escola entrou 45 minutos depois do tempo previsto por conta da falta de guindastes para alçar os destaques da agremiação nos carros alegóricos. A ausência do equipamento causou até mesmo um princípio de briga entre um integrante da escola e membros da Águia de Ouro, a agremiação que desfila na sequência. Passado o transtorno, a escola fez uma apresentação correta e luxuosa, cumprindo, com 64 minutos, o tempo máximo previsto para o desfile, de 65 minutos. Na arena do samba, a agremiação contou a história do sal, com o enredo "Salis Sapientiae - Uma História do Mundo!".
O luxo da escola foi visto em carros que abusaram do prateado e dourado e na fantasia da madrinha de bateria, a modelo Ângela Bismarchi, que entrou na passarela do samba com uma fantasia composta por cerca de três mil pedras semipreciosas. As alegorias repassaram na avenida desde os protestos do sal, na Índia, até a incorporação do componente na cozinha, inicialmente para conservar os alimentos.
A emoção ficou por conta da última alegoria, que trouxe um grande boneco do fundador da Nenê de Vila Matilde, Alberto Alves da Silva, o Seu Nenê, morto no ano passado. O desfile é o primeiro da escola sem o sambista, o que na concentração já despertou a emoção de membros da escola. Um deles, Silvio Paulo Assunção, membro da velha guarda, chegou a derramar lágrimas. "Ele organizou o carnaval em São Paulo", lembrou.
Durante o desfile, a reação do público variou conforme a passagem da agremiação pela arena do samba. A primeira ala, que trouxe integrantes de seios de fora e reproduzindo gestos libidinosos, causou revolta em alguns e risos em outros. A última alegoria, a do Seu Nenê, arrancou muitos aplausos. Na dispersão, após o término do desfile, sorrisos e abraços. Na opinião de um alegre integrante, o trabalho de um ano havia valido a pena.
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