Os turistas que forem a Matinhos, no litoral do estado, no feriado encontrarão ruas e avenidas, incluindo as da praia de Caiobá, com lixo acumulado em sarjetas e calçadas. Desde o inicio do mês, os serviços de varrição e roçada estão paralisados na cidade. A disputa de duas empresas que participam de uma licitação de quase R$ 1 milhão, aberta pela prefeitura no fim de agosto, teria motivado a interrupção do serviço público.
A prefeitura teria prorrogado por um mês, em caráter emergencial, o contrato da empresa que fazia o serviço. No entanto, a prorrogação expirou no fim de setembro e não foi renovada. Na prefeitura, ninguém comenta o caso.
O secretário municipal de Finanças, Osnil da Silva Medeiros, diz desconhecer o assunto e indicou o chefe de gabinete, Omar Saikali, para falar. Saikali avisou, por um funcionário, que o tema deveria ser discutido com o advogado Élio Massao Kawamura, procurador-geral do município. Por telefone, Kawamura falou sobre a situação do processo licitatório e informou que a paralisação dos serviços não poderia ser respondida por ele. O secretário de Urbanismo, Luiz Fernando Freire, não foi localizado.
Nas principais ruas da cidade, os responsáveis por alguns estabelecimentos comerciais estão determinando que os funcionários façam a varrição e o recolhimento do lixo antes da abertura do comércio. Alguns empurram os resíduos varridos para o interior de bueiros, em uma área que sofre constantes alagamentos durante as chuvas. Questionado sobre o problema, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Matinhos (Acima), Nelson Cotovicz, que estava em balneário Camboriú, disse que não sabia da situação, mas que iria entrar em contato com a associação, solicitando que fosse enviado um ofício ao prefeito Francisco Carlim dos Santos.
Comércio
Comerciantes estabelecidos na Rua Doutor Roque Vernalha um dos principais pontos comerciais do município criticam a situação. "É desagradável para nós e para quem vem descansar em nossa cidade", diz o comerciante Luís Carlos Silva, 39 anos. "A limpeza de vias públicas tem fundamental importância na área de saúde pública e a não realização do serviço traz prejuízos a todos", diz Carlos Alberto Teixeira, 39 anos, proprietário de um restaurante.
Para a comerciante Celi Kuryama Lima, 41 anos, a situação é complicada. "O comércio fica esperando os turistas nos feriados e quando chega este período acontece isso. É necessário maior empenho para preservar a aparência da cidade", defende ela. Na manhã de ontem, funcionários da loja de Celi se muniram de vassouras e pás para limpar a frente do estabelecimento.
O cabeleireiro Alexandre Sitis, 26 anos, disse que a rua tem se assemelhado "a um lixão". Para ele, as reclamações não surtem efeito. "Tudo aqui em Matinhos é encarado como política. Qualquer reclamação, mesmo como no caso de um serviço essencial e obrigatório da administração, é encarada como crítica política", assinala.
A taxista Patrícia Veiga de Freitas, 24 anos, que trabalha no ponto próximo ao calçadão, diz que a sujeira tem prejudicado a imagem da cidade. "Os passageiros já entram no carro criticando o descaso e reclamam bastante do lixo acumulado. Depois querem que os turistas venham para cá...", desabafou.
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