O atraso nas obras de novos prédios para atender à expansão do número de alunos levou a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) a usar contêineres adaptados como salas de aula nos últimos anos. Com a crise financeira, parte deles agora está ameaçada de despejo por falta de pagamento do aluguel. O problema atinge principalmente o câmpus de Macaé, cidade no Norte Fluminense.
“Com os cortes, cursos que têm aulas em contêineres alugados estão ameaçados de despejo”, disse o presidente da Associação de Docentes da UFRJ, Cláudio Ribeiro. A Reitoria confirmou que os chamados “módulos” usados no câmpus de Macaé são alugados e estão para ser devolvidos.
Na Praia Vermelha (zona sul do Rio), a prefeitura do câmpus informou que os 94 contêineres usados pelos cursos de Relações Internacionais, Administração, Psicologia, Economia e Comunicação foram comprados no ano passado, portanto não há risco de despejo. As salas têm de 44 a 58 metros quadrados e abrigam de 45 a 60 alunos.
Representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE), o aluno do curso de Filosofia Julio Ancelmo diz que o uso de contêineres é “um sintoma da precariedade e um símbolo do descaso”. A situação do patrimônio da UFRJ é tão grave que alguns alunos preferem ter aulas nesses “módulos” do que em prédios da instituição, a maioria em péssimo estado de conservação.
Os contêineres são novos e têm ar-condicionado. Ancelmo diz que os estudantes reivindicam há quatro anos um bandejão na Praia Vermelha e que agora a reitoria assumiu o compromisso de instalá-lo. “Mas o bandejão será em contêiner também”, disse o universitário. Outro resultado anunciado após a pressão dos alunos, que ocuparam a Reitoria na semana passada, foi o acordo para que empresas terceirizadas regularizem o pagamento do salário de funcionários do setor de limpeza e segurança, que estava atrasado.
Ribeiro cita outro problema grave, a falta de vagas no alojamento. “A UFRJ tem 200 leitos para 12 mil alunos que são de fora do Rio”, disse o professor. No câmpus da Ilha do Fundão (zona norte), esqueletos de prédios em construção indicam que a solução definitiva demorará, pois as obras estão paradas.
Em nota, a Reitoria alega que as obras “estão suspensas temporariamente” não pela crise financeira, mas por “outros motivos, que vão de avaliação de termos aditivos aos contratos à avaliação de pareceres jurídicos”. Maior federal do País, a UFRJ tem 60 mil alunos. Uma paralisação dos professores está prevista para o dia 29 e a categoria discute uma greve contra o ajuste fiscal.
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