Após dois anos de atrasos e instabilidades nos repasses dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) aos hospitais filantrópicos, a prefeitura de Curitiba normalizou o pagamento, em janeiro deste ano. De lá para cá, o pagamento está sendo feito de forma integral, mas sempre com 60 dias de atraso.

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Hospitais filantrópicos de Curitiba estão em crise

Em 2015, os oito estabelecimento da rede conveniada ao SUS na capital receberam R$ 217,1 milhões em repasses. Estimativa é de que, na média, o dinheiro cubra 60% dos custos

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Como herança do período de pagamentos irregulares, os hospitais filantrópicos ficaram com dívidas bancárias, segundo relatam seus dirigentes. Hoje, a dívida do Hospital Pequeno Príncipe com instituições financeiras chega a R$ 30 milhões, de um giro anual de R$ 160 milhões (previsão para 2015). Representa um gasto a mais de R$ 2,7 milhões em juros, entre 2013 e 2015. “É uma transferência de recursos da saúde pública para o sistema financeiro”, reclama o diretor corporativo do hospital, José Álvaro Carneiro.

No Erasto Gaertner, a dívida bancária chega a R$ 29 milhões; na Santa Casa de Curitiba, a R$ 18 milhões; e, no Hospital São Vicente (unidades Centro e CIC), a R$ 7,4 milhões, segundo dados das próprias instituições. Já as dívidas do Hospital Cajuru são absorvidas pelo Grupo Marista, ao qual pertence, por ser hospital universitário.

O Hospital Evangélico vive uma situação à parte. Lá, as dívidas bancárias giram em torno de R$ 300 milhões. O valor (dez vezes maior do que a do “segundo colocado”) é resultado de dívidas adquiridas nas últimas duas décadas, motivo que levou à intervenção da Justiça do Trabalho na instituição, em dezembro de 2014, quando um administrador foi nomeado para presidir o Evangélico.

Segundo José Álvaro Carneiro, desde janeiro de 2013, o município “vinha fazendo pagamentos em valores diferentes daqueles contratualizados, menores”. Após reunião de contas entre município e os hospitais filantrópicos, o pagamento voltou a ser feito, só que em valores e datas aleatórias, segundo o dirigente hospitalar.

A adequação ocorreu após decisão da 3.ª Vara da Fazenda Pública, que determinou que o município regularizasse o pagamento, após pedido da promotoria da saúde do Ministério Público do Paraná.

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Dos dois meses de atraso que restam à prefeitura, metade é devido à própria dinâmica da operação. Entre auditorias e pagamentos, o dinheiro da saúde leva em média 30 dias para chegar ao seu destino. A outra metade deve ser paga em oito vezes, entre agosto deste ano e março de 2016, segundo proposta da prefeitura.