Uma sequência de atropelamentos seguida por protestos de moradores na última quinta-feira deixou em evidência os perigos a que estão sujeitos os pedestres na Rua Nicola Pellanda, no bairro Umbará, em Curitiba. Uma mulher de 56 anos morreu e duas crianças, de 7 e 10 anos, ficaram feridas ao serem atingidas por veículos que transitavam pela via. Para piorar, um rapaz de 28 anos que protestava contra o excesso de velocidade na rua foi morto a tiros por um motorista que tentava furar um bloqueio.A Nicola Pellanda figura entre as dez vias que mais registraram acidentes na capital no primeiro semestre de 2010, segundo o Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran). Entre janeiro e junho foram 14 acidentes com 17 feridos. O BPTran não soube informar se houve mortes nas ocorrências.
Para os moradores, o número expressivo de acidentes é resultado do excesso de velocidade dos motoristas e da falta de redutores na via, como lombadas e semáforos. Após os atropelamentos de quinta-feira, eles fecharam a rua para protestar.
Segundo a presidente da Associação de Moradores do Umbará, Amélia Rodrigues, haverá mais manifestações até que o problema seja resolvido. "Tem muito acidente nesta rua. Há um ano já fizemos outro protesto", reclama. O que eles querem é a instalação de lombadas e um sinaleiro, próximo ao local dos atropelamentos.
Orçamento
Segundo a diretora de trânsito da Urbs, Rosângela Battistella, há um estudo sendo realizado para avaliar o tráfego na Nicola Pellanda e descobrir se há necessidade do semáforo. No entanto, ela diz não ser possível a instalação ainda neste ano. "É preciso colocar no orçamento", explica, lembrando que o preço do aparelho é de R$ 70 mil. Rosângela afirma que existem oito lombadas na rua e já há a previsão para colocar mais duas. Na avaliação dela, o problema da Nicola Pellanda é a imprudência dos motoristas.
"Não adianta encher de sinaleiro. A Urbs tem que colocar nestes pontos agentes da Diretoria de Trânsito. A presença da viatura já inibe o motorista", opina o engenheiro Eduardo Ratton, do Departamento de Trânsito da Universidade Federal do Paraná. Ele lembra que veículos da polícia também teriam o mesmo efeito. Ratton ressalta que o Estado e o município precisam investir mais em educação no trânsito por meio de campanhas de conscientização. "A questão é educação e isso não está ocorrendo", diz.
O BPTran informou que faz campanhas periódicas de orientação. Atualmente, a polícia destaca a importância dos pedestres utilizarem as faixas de segurança para atravessar as vias. Recentemente, a Gazeta do Povo revelou que só 10% do valor arrecadado com multas em Curitiba é investido em educação no trânsito.