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Trânsito

Atravessar algumas esquinas de Curitiba exige preparo de atleta

Pense no que é possível fazer em cinco segundos. Quase nada. Mas este é o tempo que o pedestre tem para atravessar a rua em alguns cruzamentos de Curitiba. Há situações em que nem a velha recomendação para se utilizar a faixa de segurança diminui os riscos. Em muitas esquinas do Centro da cidade, nos quatro cruzamentos há faixas de segurança e semáforos destinados aos pedestres, o que pode passar uma falsa sensação de segurança.

A reportagem da Gazeta do Povo esteve durante três dias seguidos em um dos cruzamentos mais movimentados da cidade, na esquina entre as avenidas Marechal Deodoro e Marechal Floriano Peixoto. Para quem utiliza as faixas de segurança próximas aos dois semáforos, o tempo para a travessia varia de 26 a 30 segundos, dependendo do horário. O problema está na travessia da Marechal Deodoro na quadra seguinte ao semáforo. O local conta com faixa de segurança mas o tempo para a travessia – quando a sinalização destinada ao pedestre fica verde – cai para apenas 5 segundos.

A situação preocupa os transeuntes, mas são poucos os que mudam a rota em busca de um caminho mais seguro. "É perigoso mesmo, mas não tenho o costume de dar a volta para atravessar com mais segurança", comentou a dona de casa Janete Ribeiro Mendes, 56 anos. Ela passa todos os dias pelo local e diz que não se lembra de ter atravessado a avenida sem apressar o passo. "É muito rápido. Quando estamos no meio da rua, os carros que estão na Marechal Floriano começam a virar a esquina."

O autônomo João Abel Gonçalves, 63 anos, acrescenta mais um problema: a pressa dos motoristas. "Já aconteceu comigo de estar atravessando a Marechal Deodoro e ter que correr no meio do caminho, mesmo com sinal verde para o pedestre", afirmou. Ele nunca tinha parado para contar o tempo. Quando soube dos cinco segundos, ficou assustado. "Precisaria de pelo menos o dobro, ou de algum agente de trânsito para segurar os carros que estão na Marechal Floriano."

Risco

Para o engenheiro de trânsito Victor Campani, diretor do Sindicato dos Engenheiros do Paraná, um período que varia de cinco a seis segundos é muito curto para atravessar uma via como a Marechal Deodoro. "Quando a pessoa chega ao meio da rua, começa a piscar o vermelho para o pedestre. Este é o perigo, porque a pessoa pode correr e tropeçar", disse. "Pessoas idosas ou com algum tipo de deficiência podem correr um sério risco."

Já o advogado especialista em trânsito Marcelo Araújo alertou para as diferenças de condições entre os transeuntes. "Diferentemente dos carros, os pedestres têm uma variedade muito grande de condições. Há pedestres que não têm uma perna, em cadeiras de rodas, crianças, atletas", comentou.

Araújo apontou outra situação que gera risco na Marechal Deodoro: a ausência de estacionamentos em ambos os lados da pista. "Quando uma via tem estacionamentos laterais a velocidade média cai, porque sempre há carros entrando e manobrando no local", disse ele.

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