A proposta de abrir o país à entrada de médicos estrangeiros, em estudo no governo federal, deve direcionar esses profissionais à atenção básica de saúde. Mas a eles pode ser vetada a permissão para realizar cirurgias ou atender pacientes em UTI, indicou ontem o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
"Estamos estudando o que países como Canadá e Inglaterra fazem para atrair médicos, dando autorização especial [de atuação], restrita à área de carência de médicos e só na atenção básica de saúde. Não são médicos que poderiam fazer cirurgias, que atendam pacientes em UTI", afirmou o ministro, durante encontro com a Frente Nacional de Prefeitos.
Padilha disse que os detalhes do programa não estão fechados, mas citou a possibilidade de autorização temporária de atuação, visto e registro vinculados a locais carentes desse profissional e da entrada de médicos que atuariam supervisionados.
"Um médico, hoje, pode vir para um hospital de ensino ou de uma universidade e fazer um estágio, atuar como médico dentro desse ambiente. Quando eu coordenava programas na USP, recebia vários médicos de outros países, que ficavam junto conosco estagiando, prescrevendo, tinham registro provisório para isso, sendo acompanhado por nós. Estamos pensando instrumentos de intercâmbio com universidades de Portugal, Espanha e outros países para poder atrair esses profissionais."
Política temporária
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, informou ontem, em audiência pública no Congresso, que o ingresso de médicos formados no exterior será uma política temporária e os profissionais selecionados poderão atuar no Brasil por um prazo de até três anos.
Médicos com registro em seu país virão para o Brasil e trabalharão com registro provisório em regiões onde hoje faltam esses profissionais. A atividade receberá tutoria das universidades federais. Esses médicos não poderão atuar na rede privada e não receberão um registro definitivo no país, disse Mercadante.
O governo estuda trazer até 6 mil médicos estrangeiros, a maioria de Cuba.
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