O áudio de uma conversa telefônica que supostamente teria ocorrido entre o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e a filha dele foi divulgado por veículos de imprensa e nas redes sociais nesta sexta-feira (24). Nele, Ribeiro diz à filha que o presidente Jair Bolsonaro (PL) telefonou para ele e teria afirmado que existia a possibilidade de cumprimento de busca e apreensão na casa do ex-ministro. O motivo seria a suspeita sobre a liberação de recursos do Ministério da Educação (MEC) com a intermediação de pastores.
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De acordo com o jornal O Globo, o áudio seria de uma interceptação telefônica feita pela Polícia Federal e que acabou vazado. Não se sabe, porém, se realmente partiu da PF, se foi editado ou divulgado na íntegra. O ex-ministro também não deixou claro se Bolsonaro tinha alguma informação privilegiada ou o que teria motivado a suposta suspeita do presidente. Ribeiro menciona apenas que seria um "pressentimento" do chefe do Executivo.
Em um dos trechos do diálogo com a filha, Ribeiro teria dito: “[...] Hoje o presidente me ligou. Ele tá com pressentimento, novamente, de que eles podem querer atingi-lo através de mim. Sabe? É que eu tenho mandado versículos pra ele, né [...]”. E teria complementado: “[...] Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa, sabe? É muito triste… Bom, isso pode acontecer né, se houver indícios. Mas não há por que, meu Deus [...]”.
O áudio teria motivado o pedido do Ministério Público Federal (MPF) para remeter a investigação ao Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o MPF, existem indícios de vazamento da operação policial e possível interferência ilícita por parte de Jair Bolsonaro. O envio ao STF foi feito pelo juiz Renato Borelli, responsável pelo mandado de prisão do ex-ministro, nesta sexta-feira (24).
Na quinta-feira (23), a Polícia Federal (PF) havia informado que seria instaurado um procedimento apuratório para verificar se houve eventuais interferências durante a operação "Acesso Pago", que prendeu preventivamente o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e mais quatro investigados. Os cinco foram soltos após decisão do desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1). A iniciativa da PF visa buscar total esclarecimento dos fatos e a garantia de autonomia e independência funcional.
Oposição
A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) afirmou que a legenda vai pedir que o ministro da Justiça, Anderson Torres, seja convocado para ir à Câmara dos Deputados prestar esclarecimentos sobre a suposta interferência de Bolsonaro na operação da PF.
Já o deputado Israel Batista (PSB-DF), presidente da Frente Parlamentar Mista pela Educação, informou que protocolou uma notícia-crime contra Bolsonaro Ribeiro no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, a minuta foi protocolada na noite desta sexta-feira (24).
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