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Caso Virgínia

Auditor reforça suspeita sobre mortes antecipadas

Testemunhas de defesa de Virgínia começam a depor hoje | Antônio More/Gazeta do Povo
Testemunhas de defesa de Virgínia começam a depor hoje (Foto: Antônio More/Gazeta do Povo)

O médico responsável pela auditoria do Ministério da Saúde na UTI adulto do Hospital Evangélico de Curitiba revelou, em depoimento à Justiça, que a equipe chefiada pela médica Virgínia Soares de Souza prescrevia remédios sem levar em conta características individuais dos pacientes, como peso ou pressão arterial, e não justificava nos prontuários procedimentos adotados durante o tratamento. As informações constam no depoimento do médico auditor Mário Lobato, obtido com exclusividade pela Gazeta do Povo.

Virgínia e outros sete ex-funcionários do Evangélico são acusados de antecipar mortes na UTI entre 2006 e janeiro deste ano. Hoje, às 13h30, começam os depoimentos de 13 testemunhas de defesa da médica Virgínia, na 2.ª Vara do Tribunal do Júri, na capital.

Considerado a principal testemunha de acusação, Lobato foi ouvido em juízo no dia 26 de setembro. Ele analisou cerca de 300 prontuários de pacientes, incluindo as sete mortes embasam a denúncia do Ministério Público (MP).

No começo da audiência, Lobato explicou como funcionam os chamados de bloqueadores neuromusculares, como o Pavulon. Segundo ele, a aplicação deste medicamento (entre outros citados por ele) somada à redução da ventilação a 21% (taxa normalmente inspirada por uma pessoa) pode causar a asfixia dos pacientes.

"Uma pessoa com Pavulon ou com bloqueio neuromuscular precisa de suporte de ventilação mecânica porque ele [o remédio] paralisa os músculos respiratórios", explicou no depoimento. De acordo com ele, após a aplicação desses medicamentos, a ventilação mecânica era reduzida a um nível de ambiente em vários dos casos.

Além desses procedimentos, o médico auditor afirmou que as doses de remédios eram padronizadas, o que seria um erro. "Todos esses medicamentos têm que ser titulados [com o nome do paciente], são doses individualizadas. Posso ter um paciente muito obeso ou com algum distúrbio metabólico. Nesses casos, praticamente em todos, a dose usada era padrão, sem que houvesse qualquer respeito à variação interpessoal", disse Lobato, em resposta ao advogado Christian Laufer, defensor dos médicos acusados Anderson de Freitas e Edson Anselmo da Silva Júnior.

Sem explicações

Sobre a falta de justificativas nos prontuários para alguns procedimentos ado­tados, o médico auditor contou, no depoimento, sobre um paciente que recebia medicação para manter a pressão em nível "aceitável", mas teve os remédios suspensos sem qualquer explicação. "Não encontrei nada no prontuário que justificasse a suspensão", disse. O MP e Lobato foram procurados para comentar o depoimento, mas nenhum deles quis conversar com a reportagem.

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