Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
UNIVERSIDADES S/A

Auditoria aponta “mensalinho” na Universidade Federal de Pelotas

Durante quatro anos, um grupo de 10 servidores do quadro da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) recebeu gratificações por exercerem cargos de coordenação no hospital-escola daquela entidade - chamado Hospital da FAU (Fundação de Apoio Universitário). A verba, captada junto ao Ministério da Saúde, serviu de complementação salarial, mas o uso foi considerado ilegal por uma auditoria interna, à qual Zero Hora teve acesso com exclusividade.

O dinheiro buscado no ministério foi usado, entre 2008 e 2012, para pagamento de supostas Funções Gratificadas (FGs) de 10 servidores (sete enfermeiros, dois auxiliares de enfermagem e uma assistente administrativa). Acontece que não existia verba para essas FGs e o estratagema usado pela direção da UFPEL para recompensar os funcionários que exerciam função de confiança foi distribuir a verba entre eles, em parcelas mensais na conta corrente, por meio de Recibo de Pagamento de Autônomo (RPA) ou Vale-Refeição.

A auditoria interna da UFPEL, assinada pelo auditor Elias Medeiros Vieira, ressalta que o valor mensal máximo para pagamento por desempenho de função, no caso desses servidores, deveria ser de R$ 777,36 (considerando a Lei 12.778/12). Acontece que um dos gratificados recebeu R$ 176 mil de “FG” em quatro anos, outro ganhou R$ 161 mil e um terceiro, R$ 157 mil no mesmo período. Isso significa que, em média, cada um deles recebeu cerca de R$ 3,5 mil mensais como “função gratificada”, bem acima do teto legal estabelecido.

A auditoria destaca ainda que o pagamento não poderia ser feito via RPA, já que os servidores em questão são estatutários. O auditor pede a devolução de R$ 578.197,03 (valor de 2013, mas que tem de ser agora corrigido). O caso foi apelidado “Mensalinho da UFPEL”.

A investigação lembra que os servidores que receberam a verba não são autônomos, são estatutários - tanto que a maioria desses não possui cadastro como autônomo no órgão municipal. Logo, não poderiam ter sido pagos via RPA.

A auditoria também critica o fato dos pagamentos terem sido feitos sem a devida dotação orçamentária. “A execução de tarefas de direção e de função de servidores (lotados, em sua maioria, no HE) ocorreu sem as respectivas contrapartidas financeiras equivalentes às responsabilidades assumidas”, constata a investigação.

Os resultados da auditoria foram encaminhados para a Comissão Permanente de Processo Administrativo Disciplinar da UFPEL e lá estão há mais de ano e meio. A investigação também não foi repassada, ainda, ao Ministério Público Federal, como recomendava o auditor.

Contraponto

Segundo a instituição, o processo está tramitando na Comissão Permanente de Processos Administrativos Disciplinares (CPPAD) da UFPel , onde foi constituída Comissão de Processo Administrativo Disciplinar, que está trabalhando para apurar possíveis irregularidades e os possíveis responsáveis e levantamentos dos valores. Por uma questão legal, o andamento é sigiloso e por isso a Universidade não pode adiantar informações até o fim dos trabalhos. Podemos dizer que são 13 os servidores respondendo a sindicância e o processo já tem dez volumes e diversos anexos. Não houve devolução dos valores, pois isto depende do resultado do processo e posterior tomada de contas especial.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.