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Auditoria do TC aponta falhas no ensino médio paranaense

Luzia Alves, professora em Cascavel: Colégio Eleodoro Ébano Pereira é um dos poucos inclusivos. | Cesar Machado/Gazeta do Povo
Luzia Alves, professora em Cascavel: Colégio Eleodoro Ébano Pereira é um dos poucos inclusivos. (Foto: Cesar Machado/Gazeta do Povo)

Diretores despreparados, ausência de laboratórios, escolas sem acessibilidade, falta de planejamento. Uma auditoria do Tribunal de Contas do estado (TC) identificou as principais deficiências do ensino médio no Paraná e as possíveis causas dos problemas. Os detalhes do levantamento estão em um relatório com mais de 170 páginas, que foi encaminhado à Secretaria Estadual de Educação (Seed) com diversas recomendações. A auditoria foi realizada entre 2013 e o começo de 2014, a partir de entrevistas, análise documental, visitas a escolas e aplicação de questionários eletrônicos a alunos, professores e diretores.

Conforme o TC, a Seed oferece poucos cursos voltados à gestão escolar e não há interesse dos diretores em participar das qualificações. A Lei Estadual 14.231/2003 define que os diretores sejam eleitos pela comunidade escolar, mas não exige nenhuma qualificação prévia em gestão escolar dos concorrentes. Para suprir essa deficiência, a Secretaria de Educação oferece aulas on-line, que não atraem os profissionais. De acordo com a auditoria do TC, apesar de o programa Progestão (Programa de Capacitação a Distância para Gestores Escolares) ter sido ofertado em vários momentos em 2012, apenas 60 profissionais fizeram as aulas, número baixo se comparado às mais de 2 mil escolas estaduais existentes.

Para Walquíria Olegário Mazeto, diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), a falta de interesse é consequência da baixa qualidade dos cursos ofertados pela Seed. “O Progestão é um programa voltado aos diretores eleitos. Mas o conteúdo é muito ruim. Eu fui diretora de escola e em 2011 comecei o curso de gestão on-line e não conclui. Parecia um copia e cola da internet”, afirma.

Infraestrutura

A auditoria também chama a atenção para instalações físicas inadequadas e para a falta de planejamento na aquisição de equipamentos e na construção de unidades escolares. Segundo o relatório, das 2.163 escolas da rede estadual, 800 (37%) foram construídas até o ano de 1960 e 14 são tombadas pelo Patrimônio Histórico. Justamente por serem antigos, os prédios apresentam projeto arquitetônico inadequado, com falta de espaços físicos importantes e de acessibilidade para deficientes.

Em visitas a 20 escolas, a comissão do TC constatou falta de acessibilidade em 75% das salas de aula, 45% dos sanitários e 56% dos pátios. Além disso, das unidades escolares visitadas, 40% não dispõem de laboratórios de Ciências. Em outras escolas, o espaço é usado para outros fins: no Colégio Vinicius de Moraes, de Maringá, o laboratório foi desativado para ser utilizado como sala de aula regular.

Segundo Walquíria, a amostragem do TC consegue refletir a realidade do conjunto das escolas estaduais. Ela ressalta que a falta de espaços importantes nas instituições é agravada pela condição das instalações elétrica e hidráulica. “Em muitas das escolas, não temos como ampliar a rede elétrica para a instalação de novos computadores, laboratórios ou de ar-condicionado, porque a instalação é de um padrão antigo e não suportaria. E essas reformas têm um custo muito alto”, afirma.

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