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Silenciosos durante mais de 100 dias, os corredores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) voltaram a ter o barulho usual nesta segunda-feira. Com o fim da greve dos estudantes e o indicativo de calendário feito pelo Conselho de Ensino de Graduação (CEG), os alunos retornaram às aulas e, na maioria dos cursos, tiveram um primeiro dia dedicado a botar a casa em ordem.

Na Faculdade de Arquitetura (FAU), na Cidade Universitária, na Ilha do Fundão, estudantes do quarto período tiveram uma reunião com professores e a direção da escola para discutir de que maneira será feita a reposição das aulas. No período, chamado de “atelier integrado”, os alunos precisam desenvolver um projeto que agrega conteúdo de diversas disciplinas e, devido a isso, têm atenção especial da direção para definir a maneira como irão trabalhar na volta da greve.

“Os professores disseram que teremos apenas uma avaliação e com um conteúdo reduzido. Alguns alunos já entregaram trabalhos antes da greve, outros não, mas os professores afirmaram que estão do nosso lado e irão avaliar caso a caso. A gente tinha dois meses para terminar o período antes da greve e agora vamos ter um mês. Nosso maior medo é ficar com o conteúdo prejudicado. Mas a greve foi importante, só de ter sido uma mobilização dos estudantes é um ponto muito positivo”, disse Leonardo Reis, estudante de arquitetura.

O fato de ter saído da greve antes dos alunos, não fez com que os professores sejam reativos à postura dos estudantes, segundo as calouras Beatriz de Melo e Ingrid Saldanha. Elas contam que os docentes têm sido compreensivos e irão garantir a reposição da melhora maneira.

“Os professores entenderam nosso lado, estão tentando repor as aulas de um jeito que fique melhor para todos”, afirmou Beatriz.

Segundo Ingrid, caso não haja tempo hábil para transmitir todo o conteúdo do primeiro período em um mês, os professores pretendem complementar depois:

“Muita matéria do primeiro período tem continuação no segundo período, então eles disseram que se não der para dar todo o conteúdo continuarão no próximo”.

Se na Cidade Universitária, além da Arquitetura, alunos de Biologia, Letras, e de outros cursos, se preocupam com o tempo que terão para repor as aulas e encerrar o período, no Campus da Praia Vermelha, a preocupação é diferente. Professores da Escola de Comunicação (ECO) e da Economia pressionam as direções locais para começar logo o segundo semestre. Nessas unidades, a maior parte dos docentes conseguiu encerrar a disciplina, mas, agora, caso o calendário aprovado pelo CEG seja aceito pelo Conselho Universitário (Consuni) só poderão iniciar a atividade do próximo período a partir do dia 26 de outubro.

“Tem faculdades que as pessoas terminaram e então adiar o início do próximo semestre bagunçando tudo é um problema. De fato, não fazer greve acaba não sendo um direito. Terminei todas as minhas disciplinas, mas não posso começar até o sistema abrir”, reclamou a professora da ECO, Liv Sovik.

Pressionada pelos professores que querem começar o novo período, a direção da Escola afirma que respeita a decisão dos colegiados da universidade em relação ao novo calendário acadêmico.

Na última quinta-feira, o Conselho Superior da UFRJ decidiu sobre a volta às aulas e as excepcionalidades neste retorno. Por meio de comunicado, a reitoria informou que o prazo para reposição se estenderá até o dia 17 de outubro.

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