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Infância

Aumenta a aceitação de crianças maiores nos processos de adoção

No Dia Nacional da Adoção, uma notícia animadora: a adoção tardia, ou seja de crianças com mais de 2 anos de idade, está aumentando no Paraná. Em 2006 foram adotadas 86 crianças com esse perfil somente em Curitiba. A Vara de Adoções da capital não tem números oficiais sobre os anos anteriores, mas, segundo a assistente social do órgão, Salma Mancebo Corrêa, "há pouco tempo, a média anual de adoções desse tipo costumava ser de duas ou três". Salma conta que no último curso preparatório para pais que irão adotar crianças maiores, realizado em março, participaram 12 interessados.

A realização de outro curso preparatório está sendo estudada para o segundo semestre. A participação é considerada fundamental, já que foi observada a falta de preparo dos futuros pais de crianças maiores. "É diferente de você adotar um bebê. A criança mais velha já vem com toda uma história, uma bagagem. Ela já vem com hábitos, temperamentos e vínculos que as vezes demoram para serem adaptados e requerem persistência", comenta. Por conta desse despreparo algumas adoções terminam da pior maneira possível. Salma se recorda de pelo menos três casos de devolução de crianças no ano passado.

Para a psicóloga Bárbara Snizek, que estuda casos de adoção, abrigamento e mães sociais, é importante que os pais tenham consciência de que a chegada de um filho sempre altera a rotina na casa e que é preciso um pouco de paciência no início. A psicóloga ressalta que na maioria dos casos os pais adotivos já estão esperando um filho há muito tempo, o que acarreta em uma grande carga de ansiedade. "Não é logo de início que a criança vai chamar de pai e mãe. Ela também precisa aprender a ter pais", afirma.

Existem casos, porém, em que a empatia é imediata, como ocorreu entre o casal Mara e Marcos Geronymo e o filho adotivo Bruno, hoje com 10 anos. A decisão do casal de adotar foi tomada após a morte da única filha, Raquel, quando ela tinha 21 anos, em 2002. Depois de nove meses de espera, o casal foi comunicado, por coincidência no dia do aniversário de Raquel, que havia uma criança para eles. "Lembro que quando a gente chegou, ele se aproximou e disse 'muito prazer, meu nome é Bruno'. Nesse instante já ficamos encantados. Até meu marido que estava relutante não resistiu quando o Bruno perguntou se ele seria o pai dele", lembra. Cinco dias depois do primeiro encontro, o garoto já estava morando na nova casa. "O começo foi difícil sim, precisamos ter paciência. Ele sentia muita falta do orfanato", conta.

De acordo com a psicóloga Lídia Weber, autora de pesquisas e livros sobre o assunto, se a criança pede, os pais devem manter o contato com a instituição na qual ela vivia. "Ela teve toda uma história lá, tem amigos que ainda estão lá, é natural que sinta saudades", afirma. Segundo a psicóloga, também é esperado que no início a criança se apresente mais agressiva e faça mais birra. "Ela faz isso para testar os pais, para ver se eles a querem mesmo. Com o tempo o relacionamento vai melhorando. O importante é não desistir", afirma. Entretanto, ela ressalta a importância dos pais imporem limites ao comportamento da criança. "Os pais não devem ter uma postura totalmente permissiva com medo de a criança se revoltar. A educação tem de ser exatamente a mesma de um filho biológico", diz.

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