A possibilidade de oferecer mais mil vagas noturnas na UFPR, manifestada pelo reitor Carlos Augusto Moreira Júnior, em tese contribuiria para o maior ingresso de afrodescendentes na universidade e conta com a simpatia do movimento negro. Mas resolveria apenas parte do problema. "A universidade precisa intensificar as campanhas de divulgação nas escolas públicas", aponta a socióloga Marcilene Garcia, do Instituto de Pesquisa da Afro-descendência (Ipad).
Marcilene sugere um trabalho conjunto com a Secretaria Estadual de Educação (Seed) para a conscientização dos professores da rede pública. "É preciso também o estímulo aos cursinhos solidários, para que os cotistas raciais sejam mais bem preparados", acrescenta.
Uma divulgação mais ampla do sistema de cotas de fato poderia dar resultado é o que se conclui da experiência da Universidade Nacional de Brasília (UnB), onde a reserva existe desde o segundo semestre de 2004 e quase todas são preenchidas. "Além de cartazes, cartilhas, outdoors, temos o programa Cotistas nas Escolas, no qual os universitários cotistas relatam suas experiências nas escolas públicas", conta o assessor de diversidade e apoio aos cotistas da UnB, Jaques Jesus. "Eu cheguei a visitar escolas onde os professores não incentivavam os alunos a tentar o vestibular porque não acreditavam que eles poderiam freqüentar uma universidade." (LP)