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TRÂNSITO

Aumento de motos e carros é três vezes maior no sul de Curitiba

Rodrigo Correia, morador de Campo de Santana: insatisfação com o transporte coletivo levou à compra de carro e moto | Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Rodrigo Correia, morador de Campo de Santana: insatisfação com o transporte coletivo levou à compra de carro e moto (Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo)

O crescimento populacional ocorrido na década de 2000 no extremo sul de Curitiba foi bastante expressivo, registrando uma média de 33%. Outra evolução, porém, se destacou ainda mais neste período: somente entre 2004 e 2010, o número de veículos aumentou 180% na região, num ritmo três vezes maior do que a média da capital. No Campo de Santana, o aumento foi de 577% e, no Ganchinho, o incremento chegou a 607%.

O boom na frota de carros e motos, além de seguir uma tendência ocorrida em toda a cidade e no Brasil, impulsionada pelo crédito farto dos últimos anos, também revela a precariedade do transporte público. Muitas famílias, insatisfeitas com o sistema, adquiriram veículos para se locomover até o trabalho.

"Você sabe como funciona o transporte público hoje em dia, não é?", pergunta à reportagem Rodrigo Correia, 30 anos, que trabalha na construção civil e mora no Campo de Santana. "Justamente por isso comprei esses dois veículos, o carro e a moto", explica.

O automóvel de Correia, adquirido há cerca de um ano, tem mais 18 meses de financiamento pela frente. A moto foi comprada à vista, há dois anos. Quando os compromissos do dia a dia permitem, ele dá carona para a mulher até o trabalho dela, em um mercado. "Para falar a verdade, nem sei onde tem ponto de ônibus aqui perto", disse.

De acordo com dados do Detran, tabulados pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), a frota de uso pessoal (carro e moto) totalizava 980.825 veículos em 2010 – último ano com dados disponíveis por bairros. Em relação a 2004, o crescimento total foi de 63%.

Outro bairro que apresentou um forte ritmo de expansão foi o Santo Inácio (535%). Mas, em geral, os bairros ao norte da capital tiveram crescimento da frota abaixo da média da cidade. No Seminário e no Cabral, a variação ficou na casa dos 5%, por exemplo.

No extremo sul, bairros como o Tatuquara, Gan­­­­­­­­chinho, Sítio Cercado, Um­­bará e Cachimba se transformaram na nova fronteira populacional de Curitiba. Os terrenos vazios deram lugar a centenas de conjuntos habitacionais e loteamentos. Mas a maioria das novas casas nem tem espaço suficiente para abrigar a "frota" familiar. Tanto que é comum ver muitos carros estacionados pelas ruas.

Na casa de Adriana de Fátima da Silva, 30 anos, geralmente há três veículos – o dela, o do marido e o da sogra. Quando a família se mudou para o Moradias Itaqui, no Campo de Santana, há dois anos e meio, ninguém tinha carro. "Trabalho no Boqueirão. Para ir de ônibus demorava muito, agora com o carro não levo nem 20 minutos, é bem melhor", diz Adriana.

Cenário se repete nas capitais

Segundo o pesquisador Juciano Rodrigues, do Obser­­vatório das Metrópoles, o cenário observado em Curitiba é semelhante ao de outras capitais brasileiras. "As famílias que moram na periferia têm necessidade do veí­­culo próprio não por lazer, mas para se locomover até o trabalho. O serviço público de transporte não atende à demanda do dia a dia, e isso contribui para a decisão de comprar um carro ou uma moto", destaca.

Rodrigues, autor de um estudo sobre o crescimento da frota nas metrópoles brasileiras, ressalta que esse cenário só foi possível devido ao cenário favorável na economia. "O que facilitou foi o aumento da renda e a facilidade em acessar o crédito, além das desonerações fiscais que ocorreram nos últimos anos", explica o pesquisador.

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