Preso acusado de fornecer armas ao tráfico
Um rapaz de 21 anos é acusado pela polícia de fornecer armas de fogo para traficantes da Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Ele foi detido na última sexta-feira em frente de um condomínio na Rua Pedro Gusso. Segundo informações da Delegacia de Homicídios (DH), Carlos Augusto Veras teria entregue metralhadoras utilizadas em pelo menos quatro assassinatos na Vila Nossa Senhora da Luz.
PM defende "renascimento urbano" da CIC
O histórico de ocupações irregulares na Cidade Industrial (CIC) criou um ambiente diferente de outras regiões de Curitiba quando o assunto é urbanização. Ruas estreitas e pontos com pouca iluminação são duas características que dificultam a atuação da polícia.
Efetivo da Policia Militar deixa a desejar
Responsável pelo patrulhamento na CIC, o 13º Batalhão da Polícia Militar atende outros 17 bairros. Só isso já ilustra a dificuldade em se cuidar da segurança no bairro.
O tráfico de drogas virou a principal explicação da polícia para justificar o aumento do número de homicídios em Curitiba e região. Mas, para especialistas, a base do problema está na ausência do poder público nas periferias das cidades. É o caso da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), que registrou 66 assassinatos nos primeiros seis meses deste ano. Historicamente, a falta de acesso a moradia digna, saúde pública e educação de qualidade criou um campo fértil para o avanço da criminalidade.
Hoje existem 54 áreas de ocupações irregulares na CIC, de acordo com Companhia de Habitação de Curitiba (Cohab). Dentro dessas localidades moram 12.872 famílias, o que representa aproximadamente 51 mil pessoas (28,3% da população total do bairro). As invasões foram como catalisadores para a falta de segurança no bairro. Mesmo loteamentos regulares da prefeitura foram, aos poucos, dominados pelo tráfico de drogas. Como a Vila Nossa Senhora da Luz, conjunto que fez a fama de traficantes como Evinha do Pó e mais recentemente Éder Conde.
Para o sociólogo Lindomar Bonetti, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Curitiba é um modelo do problema crônico da gestão urbana brasileira. "Não vejo a preocupação do poder público em se fazer presente nas periferias da cidade. Quanto mais central a área maior o investimento", afirma. Na opinião dele, os problemas vão se agravando à medida que a região fica mais afastada do Centro de Curitiba. É o caso da Cidade Industrial.
Para o sociólogo Pedro Bodê, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), é preciso criar melhores condições de infraestrutura, moradias e empregos em áreas de vulnerabilidade. "Não se pode ignorar que essas pessoas sofrem um processo de exclusão", diz.
História
Segundo a diretora técnica da Cohab, Tereza Oliveira, o "boom" de invasões ocorreu após a extinção do Banco Nacional de Habitação (BNH), em 1986. "Houve muitas ocupações irregulares e certa condescendência com isso", afirma.
Comum na década de 1970, a descentralização das áreas industriais e a necessidade de expansão resultaram no projeto que criou a Cidade Industrial. Com a desapropriação de quase todo o bairro, o poder público criou incentivos fiscais para levar grandes empresas para o lado oeste de Curitiba. A expectativa era de que 58% da área desapropriada fosse ocupada pelos empresários. Mas não foi o que aconteceu.
Segundo o supervisor de planejamento do Instituto de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Ricardo Bindo, o capital externo ficou escasso no fim da década de 1980 e o número de empresas que se instalavam era menor do que o esperado. O vácuo de novos investimentos aliado ao fim do BNH e até a motivações políticas da época resultou em invasões de terra na região. "Hoje, o CIC não é mais o CIC. É mais um bairro da cidade", comenta Bindo.
Uma das principais dificuldades do poder público é remover famílias de áreas regulares antigas para outros locais. De acordo com Tereza, as moradias de 5.723 famílias estão sendo regularizadas. Das 54 localidades de invasões, 18 estão em estado de regularização. Tereza lembra que a Cohab possui na região 221 empreendimentos habitacionais e já atendeu 36.878 famílias em 45 anos. A diretora acredita que, mesmo com o trabalho social de moradia no local, é necessária uma política pública de segurança mais consistente na região. Ela espera que nos próximos anos todas as áreas sejam regularizadas. A previsão do Ippuc é que o número de moradores da CIC chegue a quase 200 mil até 2020.
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora
Deixe sua opinião