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Equipamento simula condições reais no trânsito: custo para fazer habilitação deve subir R$ 250 | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Equipamento simula condições reais no trânsito: custo para fazer habilitação deve subir R$ 250| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

Bicho do Paraná

Aparelho credenciado pelo Denatran foi produzido em parceria com a Renault

O último simulador a ser homologado pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) foi produzido pela empresa paranaense Iessa, em parceria com o Grupo Renault do Brasil. Apelidado de Auto Smartsim, o aparelho está sendo testado em Curitiba pela Autoescola Silva, na unidade Bacacheri. Alunos que estão tirando a carteira de habilitação já podem passar pelas aulas no simulador – por enquanto, o uso do equipamento é opcional e não é cobrado do futuro motorista.

No aparelho, há uma série de situações que podem ser vivenciadas conforme a habilidade e a necessidade do condutor. Ao fim de cada sessão, surge um relatório com as infrações e falhas cometidas durante o percurso – há trajetos com rodovias duplicadas ou mesmo travessias urbanas, com a presença de pedestres. "É um ambiente totalmente seguro para simular situações e reações que não poderiam ser testadas na vida real", afirma o diretor-geral da Autoescola Silva, Aguilar Borsato Silva.

Sem adiamento

O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) informou à Gazeta do Povo que não há possibilidade de adiar novamente a exigência do simulador de direção. Segundo o órgão, a partir de janeiro as carteiras de habilitação só serão emitidas após o candidato passar pelo simulador. "O CFC que não se adaptar estará prejudicando o processo deste candidato", resume o Denatran, em nota.

Opinião

"Permissão para errar"

Polêmicas à parte, é fato que o simulador de direção pode ajudar -- e muito -- aquelas pessoas que têm pouca ou nenhuma familiaridade com o volante, pedais e outros equipamentos básicos de um automóvel. É o meu caso. A última vez que havia dirigido um carro foi há dez anos, em um descampado no sítio de meu pai. Esta semana, sentei no simulador e, para a surpresa dos motoristas inveterados que me acompanhavam, eu nem sequer me lembrava onde ficava a embreagem.

E é em uma circunstância como essa que o aparelho parece cumprir sua principal função: ensinar o básico, sem que seja preciso se aventurar nas ruas. É possível, aos poucos, se acostumar com o volante, o freio de mão, os botões do painel -- peças que são iguais às encontradas nos carros de verdade. Ao mesmo tempo que mostra em alto e bom som onde pisar, em que intensidade e como fazer algo relativamente simples, como ligar o pisca-alerta, o simulador é implacável. Cada freada brusca, cada troca de marcha equivocada, é registrada no ato e sinalizada ao aluno.

Obviamente, o simulador não substitui a experiência de enfrentar o trânsito de verdade, num carro de verdade. Mas, para quem só entra no automóvel pela porta da direita, já é um bom - e esclarecedor - começo.

Rafael Waltrick, repórter de Vida e Cidadania

A partir do dia 1.º de janeiro, as autoescolas de todo o país terão de oferecer aulas em simuladores de direção para quem for fazer a carteira de habilitação na categoria B (automóveis). A obrigatoriedade está prevista na Resolução n.º 444/2013, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Serão cinco aulas de 30 minutos cada, após o aluno passar pelo ensino teórico. O simulador terá conceitos básicos de condução, marchas, circulação em avenidas, regras de segurança, congestionamento e situações climáticas e de risco, entre outros temas.

Apesar de a entrada em vigor da medida já ter sido prorrogada uma vez, donos de Centros de Formação de Condutores (CFCs) fazem lobby no Congresso, em Brasília, para tentar revogar – ou pelo menos adiar – a resolução. Segundo eles, o novo equipamento aumentará os custos para fazer a habilitação sem trazer benefícios concretos. "Os acidentes não acontecem por imperícia, mas sim por imprudência. E o simulador não vai mudar isso. É uma ferramenta que não pode ser desprezada, mas deveria ser opcional, e não obrigatória", defende Justino Rodrigues da Fonseca, presidente do Sindicato dos Proprietários de Centros de Formação de Condutores do Paraná.

Confira em vídeo como funciona um simulador de direção

Em média, os aparelhos custam cerca de R$ 40 mil e, segundo o movimento Autoescolas do Brasil, que luta contra a resolução, o custo mensal de manutenção gira em R$ 1,5 mil. Os empresários do setor estimam que o usuário pagará aproximadamente R$ 250 a mais para obter o documento em 2014 por causa do simulador.

O prazo inicial para a implantação dos aparelhos, que era junho deste ano, foi prorrogado porque, na época, apenas uma empresa oferecia o equipamento. Hoje, quatro empresas são certificadas no Brasil para produzir os simuladores e mais duas estão em processo de homologação. Mesmo com mais opções, os donos de centros têm resistido à comprar os simuladores – no Paraná, apenas uma autoescola já teria comprado o aparelho, em Curitiba.

Conforme o Contran, os Detrans ficarão responsáveis por fiscalizar o cumprimento da norma. O diretor-geral do Detran paranaense, Marcos Traad, afirma que o órgão ainda não está preparado para fazer valer imediatamente a resolução.

Decreto

O deputado federal Mar­celo Almeida (PMDB-PR) apresentou na Câmara um projeto de decreto legislativo que pede a suspensão dos efeitos da resolução do Contran. O projeto ainda aguarda parecer da Comissão de Viação e Transportes (CVT) e não tem data para ser levado à votação em plenário. "O Contran não pode ter mais força do que a Câmara Federal. Essa é uma questão que precisa passar pela Câmara e o Senado. Acredito que a presidente e os ministros prorroguem o prazo para termos um maior tempo de discussão", afirma.

Obrigação

Veja como será a utilização dos simuladores de direção veicular, conforme a resolução nº 444/2013 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran):

- Fiscalização

- Os aparelhos devem ser homologados pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e a fiscalização quanto à obrigatoriedade do simulador ficará a cargo dos Detran's de cada estado. As especificações obrigatórias para a fabricação do equipamento já foram divulgadas em duas portarias publicadas pelo Denatran.

- Prazo

- As autoescolas terão até o 1º de janeiro de 2014 para se adequar à medida do Contran e oferecer as aulas com o simulador. Para facilitar a aquisição, o equipamento poderá ser compartilhado por várias autoescolas.

- Aulas

O uso do simulador será obrigatório para a habilitação na categoria B (automóveis). Serão cinco aulas de 30 minutos cada uma, trazendo conceitos básicos de condução, marchas, circulação em avenidas, regras de segurança, congestionamento e situações climáticas e de risco, entre outros temas. Essas aulas não substituirão as teóricas e práticas.

- Cronograma

O treino no simulador ocorrerá somente após o aluno passar pelas aulas teóricas. O uso do equipamento deverá ser acompanhado por algum responsável pela autoescola (como o instrutor de trânsito ou o diretor de ensino).

- Estrutura

O simulador deverá ser instalado em uma área exclusiva de, no mínimo, 15 metros quadrados. Assim como um automóvel real, o aparelho terá volante, câmbio, acelerador, freio e embreagem, além de outros itens como buzina e limpador de para-brisa. A visualização da "estrada" será por meio de três telas de alta resolução.

Simulador de direção testa habilidade de futuros motoristas

Uma resolução do Conselho Nacional de Trânsito estabelece que, a partir de janeiro, os Centros de Formação de Condutores terão que oferecer aulas de direção em simuladores. A Gazeta foi até a Autoescola Silva, em Curitiba, para conhecer um destes aparelhos.

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