Estudantes de medicina protestam contra a prova do Cremesp, em São Paulo| Foto: Gustavo Magnusson/ Estadão

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Para sindicato, os alunos querem saber se tiveram um ensino de qualidade

A ideia de fazer uma prova como a aplicada pelo Cremesp tem pelo menos 10 anos, de acordo com o presidente do Sindicato dos Médicos do Estado do Paraná (Simepar), Mário Antonio Ferrari. A entidade apoia a medida, embora entenda que ela deveria ser prática e realizada todo o ano, como querem as faculdades. Para Ferrari, ela não é apenas uma aliada da população, mas também do médico. "O fato de uma minoria ter boicotado demonstra que o estudante quer a prova. É um pedido de socorro, pois ele está inseguro. Ele quer saber se teve um ensino de qualidade". A estudante do último ano da PUCPR, Fernanda Costa Aguiar, que é a favor da prova, concorda. "Nem todo o aluno faz a prova de residência quando se forma, por isso, nem todos sabem se estão preparados, se conhecem bem o conteúdo", diz ela, cuja crítica às provas de múltipla escolha é compartilhada pelo coordenador do curso, Victor Horácio de Souza Júnior. Ele afirma que este método facilita a ‘decoreba’ e inverte o objetivo do exame. "Aí você cria uma indústria semelhante à que já existe para a residência."

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A reprovação maciça dos estudantes que se formarão em Medicina neste ano, em exame aplicado pelo conselho paulista da categoria desenha um cenário preocupante: a falta de conhecimento teórico dos futuros doutores, numa área em que um pequeno erro pode ser fatal. Dos 2.411 formandos avaliados, 119 foram desclassificados (entre eles, 88 boicotaram a prova), e, dos 2.292 restantes, 54,5% foram reprovados – no caso, acertaram menos de 60% das 120 questões de múltipla escolha, critério exigido pelo órgão.

Com a divulgação do resultado, o presidente do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), Bráulio Luna Filho, se disse preocupado com a qualidade da formação dos futuros médicos. E reafirmou a importância do exame, que é obrigatório para quem quer obter o registro no estado – ser reprovado não invalida o registro, mas o não comparecimento ou o boicote, sim. A opinião de Luna Filho é compartilhada pelas quatro faculdades de Medicina de Curitiba, embora com ressalvas.

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Paraná

No Paraná, uma prova deste tipo nunca foi aplicada (obrigatória ou não), e tanto as faculdades quanto o sindicato da categoria cobram a avaliação. "Quem se forma fora do Brasil hoje precisa fazer uma prova semelhante para revalidar o diploma. A filosofia é: saber se o aluno entende de questões básicas, como tratar uma tuberculose ou atender uma criança. Por que quem se forma no Brasil não pode fazer a mesma prova?", indaga o coordenador do curso na UFPR, Edison Luiz Tizzot, que defende uma prova elaborada por cada conselho, levando em conta as particularidades de cada estado.

Os médicos, porém, afirmam que o exame paulista ainda não é o ideal. A principal crítica é pelo fato de apenas o conteúdo teó­rico ser cobrado, deixando de lado a avaliação prática. "Sabemos que é difícil, mas é preciso avaliar também a conduta do aluno, a habilidade de conversar com o paciente, obter dados, examiná-lo e fazer o diagnóstico. Só a teoria não basta", avalia o coordenador do curso da Faculdade Evangélica, Constantino Miguel Neto.

Outra deficiência, de acordo com o coordenador do curso na Universidade Positivo, Ipojucan Calixto Fraiz, é o fato de a prova avaliar o aluno apenas no último período do curso, ao invés de fazer avaliações ano a ano. "O exame não avalia o processo todo e não permite correção de rumos, afinal, o estudante só é avaliado depois que saiu da escola".

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