A qualidade das rodovias brasileiras caiu neste ano em comparação com 2011. De 95,7 mil quilômetros de estradas avaliadas, 62,7% estão em condições de trafegabilidade péssimas, ruins ou regulares. Um porcentual superior ao do ano passado, quando 41,2% das rodovias não foram classificadas como boas ou ótimas. A elevação dos índices negativos também se reflete no Paraná, que tinha em 2011 61,9% das rodovias boas ou ótimas e agora aparece com 47,8%. O levantamento foi feito pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).
Segundo a entidade, o principal problema verificado é a geometria das rodovias, que leva em conta o número de curvas fechadas e perigosas, alinhamentos, declives e intersecções urbanas, todos fatores motivadores de acidentes. Tanto no Brasil como no Paraná, esse item foi mal avaliado: 77% das rodovias têm geometria péssima, ruim ou regular. "Grosso modo, as rodovias foram feitas na década de 1980, época em que a geometria exigida era uma, para um movimento de veículos muito menor do que o atual. As estradas hoje não estão adequadas para receber o tráfego intenso e pesado. Os investimentos na área não acompanharam a demanda", explica Valter Fanini, diretor-financeiro do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge). Ele cita como exemplo o fato de que hoje existem caminhões rodando com 11 eixos, algo impensável há 30 anos.
Outro problema são as péssimas condições de sinalização, que afetam 66,3% dos trechos analisados. "Não há justificativa para este item, que costuma ser barato comparado aos outros. A sinalização ruim é o primeiro indício de que a manutenção das rodovias não está sendo feita", aponta Fanini.
Comparativo
São Paulo foi o estado com o maior porcentual de estradas em ótimas condições, 49,9% das analisadas, seguido do Rio de Janeiro (20,6%) e Paraná (18%).
O diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Paraná, Paulo Milani, lembra que as estradas paulistas estão melhores porque esse estado tem um grande índice de concessões. Milani afirma ainda que, no Rio, a quilometragem é bem menor que a do Paraná. Por isso, acredita que as estradas paranaenses até se saíram bem na pesquisa, apesar de 52,2% delas serem consideradas péssimas, ruins ou regulares.
"A queda na qualidade ocorreu porque houve pouco investimento neste ano, pois estávamos em processo licitatório. E como a geometria é o principal problema, isso não se resolve de um ano para o outro. Em cinco anos, quando as obras que estão sendo licitadas estarão prontas, teremos índices bem melhores", diz.