Com a terceira maior frota do país, Curitiba beira a marca de um milhão de veículos. Hoje, são 985.558 carros, ônibus e motos circulando pelas ruas da capital, segundo o Departamento de Trânsito (Detran) do Paraná. O avanço da frota tem superado o crescimento da população nos últimos anos. Enquanto o número de habitantes aumentou 1,7%, em 2006, o total de veículos saltou 6,2% média de 1,8 curitibano para cada meio de transporte motorizado da cidade, o que supera inclusive as marcas das líderes em frota São Paulo e Rio de Janeiro.
O principal reflexo desse "progresso" são os congestionamentos, cada vez mais freqüentes em Curitiba. "Fica complicado para qualquer cidade ter um trânsito confortável para todos esses veículos", afirma a gerente de operação do trânsito Guacira Camargo Civolani, da Diretoria de Trânsito de Curitiba (Diretran). Em um dos horários de pico da última segunda-feira, entre 17h30 e 19 horas, a Gazeta do Povo percorreu ruas centrais da capital para acompanhar de perto o que o motorista curitibano enfrenta todos os dias antes de voltar para casa.
Em questão de poucos minutos, o tráfego livre começa a ficar mais intenso e lento, e logo são formados os grandes blocos de engarrafamento que tomam conta de quarteirões. Para Guacira, o pior horário para se dirigir em Curitiba é por volta das 18 horas, período em que acaba o expediente de trabalho em quase toda a cidade. "Não tem sistema [viário] que agüente", afirma. Ela explica que o trânsito pela manhã é diferente pelo fato de existir um escalonamento já estipulado entre os ramos por exemplo, enquanto as aulas começam por volta das 7h15, os funcionários públicos entram às 8 horas e o comércio abre as portas às 9 horas. A solução apontada seria uma escala de horários semelhante para o fim da tarde.
Os primeiros sinais de congestionamento aparecem próximo a escolas. Pais não respeitam a pista exclusiva para pegar os filhos e acabam parando em fila dupla para que as crianças embarquem. E, de repente, começam as primeiras buzinadas e ofensas. Depois seguem-se outros desrespeitos como as conversões que cortam a frente de duas faixas, sinais vermelhos que passam despercebidos, pedestres que andam entre os carros e acabam atropelados... Leva-se cerca de 25 minutos para cruzar o Centro da capital.
"Aqui em Curitiba o pessoal anda mais lento e está com pouca paciência. Não deixa fazer conversão, pára no cruzamento e isso vai atrapalhando", avalia o bancário carioca Marco Antônio de Araújo Melo, 42 anos. Ele mudou-se para Curitiba há 16 anos e enfrenta o trânsito lento da Rua Mariano Torres quase todos os dias. "Um engarrafamento aqui, por pior que seja, anda. No Rio (de Janeiro), vai parando", conta.
E com a chuva, tudo pode piorar. "Quando chove, aumenta o fluxo de circulação e conseqüentemente aumenta o risco de acidentes. Mas são acidentes de menor gravidade", conta o comandante do Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran), tenente-coronel Eduardo Tachibana.
"É uma conjunção de fatores negativos: mais veículos, pedestres andando mais rápido, problemas de queda de energia, redução na questão da cordialidade dos motoristas e cruzamentos bloqueados", sintetiza a coordenadora do Núcleo de Educação e Cidadania da Urbs, Maura Moro.
Em horários de pico, a bancária Andréa Radigonda Arnosti, 31 anos, leva o dobro do tempo para se deslocar de sua casa, no Alto da XV, até o trabalho, no Hauer trajeto de cerca de dez quilômetros. Ela levaria 15 minutos no percurso caso não houvesse congestionamentos. Ontem, com a chuva, ela levou pouco mais de 40 minutos. "Até me atrasei porque me programei errado. Preciso sair uma hora antes", conta.
Essa não foi a primeira vez que o trânsito atrapalhou a programação de Andréa. "Eu me atrasei para a minha própria festa de aniversário. Eu tinha de pegar um bolo no Centro e fiquei presa no trânsito. Quando cheguei em casa, alguns convidados já estavam me esperando", lembra.
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