Os fios que passam de um poste a outro nas ruas das grandes cidades poluem visualmente a paisagem e trazem insegurança. Em Curitiba não é diferente. Caminhando pelas calçadas, os fios não são percebidos, mas é só olhar para cima e lá estão, aos montes. Além disso, os postes atrapalham a acessibilidade dos pedestres. Mas colocá-los embaixo da terra não é tão simples: o valor é oito vezes maior do que o da instalação de fiação aérea, de acordo com a Copel.
Curitiba tem hoje, de acordo com a Secretaria Municipal de Obras, um quilômetro quadrado de fiação enterrada, na região central da cidade. São trechos entre a Visconde de Nácar, André de Barros, João Negrão e Augusto Stellfeld. Agora, com as obras de revitalização de algumas ruas, além dos projetos para a Copa do Mundo de 2014, obras que estavam no papel podem ser colocadas em prática. Desde julho deste ano, por exemplo, a Avenida do Batel passa por reformas na altura da Rua Bispo Dom José, entre a Avenida Nossa Senhora Aparecida e a Pracinha do Batel.
Ali, juntamente com a troca do piso e a instalação de placas antiderrapantes e jardins, as fiações elétricas e de outros serviços, como televisão e telefonia, passarão a ser subterrâneas em um trecho de 850 metros de extensão. A obra deve ser concluída em março do ano que vem. Outra promessa para 2013 é a fiação subterrânea na Avenida Visconde de Guarapuava, mas ainda não há previsão para o início das obras.
Na Avenida das Torres, há o projeto de alteração da rede aérea, quando duas torres existentes na via forem retiradas para a construção do viaduto estaiado. Os fios passarão, então, para postes. "Nesse trecho temos a alta tensão, que dificulta o enterramento dos fios", explica o arquiteto Rogério Reinhardt, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc).
Segundo Reinhardt , a dificuldade no cabeamento subterrâneo começa na apresentação de projetos de revitalização e na aprovação das propostas. "O valor é alto e aí tem a burocracia de passar pelo governo do estado e pelas prefeituras".
Tendência
Para o urbanista e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Luís Henrique Fragomeni, o cabeamento subterrâneo é uma tendência em países desenvolvidos. Ele lembra que no estado norte-americano da Califórnia a meta é que em 40 anos já não existam instalações aéreas. Entre os municípios que já apresentam toda a rede elétrica subterrânea, segundo Fragomeni, estão Londres, Paris e Nova Iorque.
"A implantação dos cabos custa caro, mas a médio e longo prazo compensa por questões de segurança e ambiental", diz o urbanista. Ele afirma que é preciso repensar as cidades, já que os postes disputam espaço com as árvores e são frequentes as situações de falta de energia em dias de chuva, quando galhos caem em cima dos fios. Além disso, quem circula pelas calçadas tem de se preocupar com os postes e existe ainda a questão dos acidentes de trânsito. "A Copel troca, em média, seis postes por dia, por causa de acidentes", afirma.