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São Paulo

Avenida Paulista amanhece destruída após manifestação violenta

Ataque a concessionária de veículos na Avenida Paulista | Victor Moriyama/Reuters
Ataque a concessionária de veículos na Avenida Paulista (Foto: Victor Moriyama/Reuters)

O clima das pessoas que passavam pela avenida Paulista na manhã desta sábado (27) era de indignação. O coração financeiro de São Paulo foi tomado por pichações e depredações após o protesto da noite de sexta-feira (26), em apoio às manifestações cariocas contra o governador Sérgio Cabral (PMDB), terminar em vandalismo. A grande maioria dos bancos amanheceram com vidros estilhaçados, portas quebradas, corrimãos arrancados e muros pichados. Funcionários faziam a limpeza das agências e outras eram interditadas.

Uma cabine da Polícia Militar que foi destruída ao ser usada como escudo durante o protesto ainda aguardava substituição."Onde estava a polícia na hora que tudo isso aconteceu?", questiona a moradora Any Gorgom Friedman, 57.

Uma agência do Santander, na altura do número 447, ficou completamente depredada e não está funcionando. Um homem foi tentar usar o banco, mas deu meia volta e foi embora fazendo gestos de reprovação.O banco Bradesco, no número 329, também esta interditado e foi pichado com a frase "o governo é maçom".

"Em três meses que eu trabalho aqui foram duas vezes que eu tive que vir para limpar pichação", disse o funcionário da agência José Cloves Martins Rodrigues, 20."Ontem foi pior do que a do Passe Livre. Se você começa a praticar vandalismo você perde seus direitos", declara.Um grupo de amigos que havia acabado de voltar de uma viagem se assustou com o cenário que encontraram.

Detidos

Oito pessoas foram detidas na região central de São Paulo após um protesto em apoio às manifestações cariocas contra o governador Sérgio Cabral (PMDB) terminar em vandalismo na noite de ontem.Dos oito detidos, seis já foram liberados pois a polícia não encontrou provas que os ligassem aos atos de depredação na região, segundo a Polícia Militar.

Outros dois foram encaminhados à Polícia Federal pois foram encontrados com oito cartões clonados dentro uma agência da Caixa Econômica Federal.

A Polícia Militar não soube confirmar se os dois detidos faziam parte da manifestação ou se aproveitaram do protesto para usar os cartões clonados.

Protesto

O ato reuniu cerca de 300 pessoas, segundo a PM. A maioria era adepta da estratégia de protesto anticapitalista "black bloc", que prega a destruição do patrimônio privado.

Os manifestantes -muitos mascarados e de preto- depredaram 13 bancos, a estação Trianon-Masp, uma loja de carros, semáforos e um furgão da TV Record.A polícia só interveio uma hora depois. "A orientação é não causar confronto", disse à Folha de S.Paulo um soldado.

Os manifestantes se concentraram por volta das 18h no vão-livre do Masp. De lá, saíram em marcha no sentido Paraíso, tendo à frente uma faixa com os dizeres "Vaza Cabral".

Um grupo abriu outra faixa que dizia "Fora Alckmin". Foi repreendido por outros participantes, com o argumento de que a pauta do dia era o governador do Rio, mas conseguiu aval para seguir. Outro grupo puxou gritos de "Alckmin, pode esperar, a tua hora vai chegar".

"O povo do Rio hoje não pode ter voz. Mas quero dizer que essa manifestação é pacifica", disse um rapaz, sendo vaiado e sufocado pelos gritos de "sem pacifismo".

O vandalismo começou assim que o ato deixou o Masp, às 19h. Um grupo arrancou o corrimão de uma agência do Itaú e o usou para destruir a fachada deste e de outros bancos. Em algumas agências foram destruídos computadores, mesas e cadeiras.Apesar dos gritos de "só banco", eles depredaram equipamentos públicos, como semáforos, relógios e canteiros. Cabines da PM foram arrancadas e usadas como escudos.

A marcha seguiu pela av. 23 de Maio. Manifestantes invadiram um ônibus e o atravessaram no meio da pista Congonhas, bloqueando-a.

A PM só atuou quando a marcha já estava na 23 de Maio, lançando bombas de gás contra o grupo atacou o furgão da Record. A corporação negou que tenha demorado a agir. Disse que chamou reforços quando notou que o protesto deixou de ser pacífico.

Convocado pelo Facebook há uma semana, o ato ocorreu em outras capitais, como Porto Alegre.

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