Entre 14 e 19 de março, Renato Scarante, 69 anos, percorreu um trecho de quase 200 quilômetros do Rio Iguaçu, entre Porto Amazonas e Porto Vitória. Fez o trajeto com um barco de alumínio, sem motor, alguma comida e uma máquina fotográfica. A aventura era um sonho antigo. Quando criança, em Porto Amazonas, Scarante se imaginava nos vapores que faziam o vaievém de madeira, alimentos e outras iguarias entre uma ponta e outra do Iguaçu.
Em 50 anos mudou muita coisa. O rio, que ele conhecia dos seus tempos de menino, transformou-se. Os grandes vapores deixaram de circular. O Iguaçu ficou mais tranquilo, mas nem por isso mais limpo. "Quando chove e o rio está alto, vai muita sujeira", diz o homem que foi de pedreiro a garçom e hoje é agricultor, militante do meio ambiente e aventureiro. Um dos sinais de que o Iguaçu mudou está na habitação nas suas margens. As comunidades ribeirinhas rarearam. "Antes muita gente vivia do rio. Hoje quase não se vê. É porque o peixe diminuiu", diz ele.
Scarante também já percorreu o Rio Negro, entre Mafra e Paula Pereira, em Santa Catarina, e faz outras pequenas incursões no Iguaçu. "Junto com o IAP (Instituto Ambiental do Paraná), Força Verde e Bombeiros fazemos limpeza do rio. Saímos com 20, 30 barcos tirando todo lixo que é possível tirar", afirma Scarante.
Uma nova aventura no Iguaçu está sendo planejada, dessa vez com um novo barco, ainda menor. "Vejo muitas coisas que as pessoas não veem", diz Scarante, que quer passar suas experiências para os Bombeiros e ONGs ligadas ao meio ambiente. "A intenção é mostrar a importância e a história do Rio, que merece ser preservado."