Alternativa
Reservas particulares são opção de preservação
A bióloga Elenise Angelotti Bastos Sipinski, coordenadora do ConBio, projeto de conservação da biodiversidade urbana, da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), alerta para o fato de que a pressão imobiliária também influencia nas transformações da fauna. Na ânsia de construir, fatores como a localização e até a adequação da estrutura são deixados de lado. "Vemos casos de pássaros que colidem com janelas de grandes prédios, por verem uma árvore refletida no vidro. A solução é simples: basta que o proprietário sinalize o local com adesivos." Elenise ressalta a importância das Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPN) para a conservação da fauna. Ela explica que os proprietários desses espaços são responsáveis por cuidar dos animais que ali aparecem. O ConBio se encarrega de dar todas as instruções sobre como transformar sua propriedade em uma RPPN (www.condominiobiodiversidade.org.br).
Em pouco mais de uma semana, a Sociedade Protetora dos Animais atendeu a dois chamados para ajudar no resgate de aves que ficaram presas em árvores, enroscadas em fios de pipa, em Curitiba. No dia 12 de outubro, uma coruja foi encontrada pendurada em um pinheiro no bairro Uberaba e, no dia 21, uma maritaca acabou presa em uma árvore no Água Verde.
Situações como essas são comuns, de acordo com Soraya Simon, uma das voluntárias da entidade. "O animal silvestre deve ser levado até uma clínica especializada para que receba os primeiros socorros", aconselha. O próximo passo é encaminhar o bicho para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), em Tijucas do Sul, para que seja reintroduzido na natureza.
"Agora na primavera estamos na época da reprodução das aves, então passa a ser comum encontrar filhotes machucados", diz Luíza Prado, médica veterinária da clínica particular Vida Livre, especializada em animais silvestres. George Velastin, também veterinário, lembra ainda que os mamíferos e répteis, como gambás e lagartos, sofrem muitos traumas causados por atropelamentos.
Cerca de 80% dos animais que chegam ao Cetas são pássaros. Ana Carolina Fredianelli, coordenadora técnica do setor de triagem do Centro, explica que é comum eles se enroscarem em fios de pipa, serem eletrocutados ou acabarem intoxicados ao se alimentar de restos de comida. Segundo ela, ainda há muita desinformação. "Temos recebido no Centro casos de pássaros com as patinhas machucadas, asas e outras partes de corpo grudadas por uma cola que as pessoas têm utilizado para pegar pombos", diz.
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