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Folia de momo

Avessos ao carnaval, curitibanos comemoram o sossego na capital

Ter a cidade sem a badalação do carnaval é o êxtase para alguns curitibanos que, na contramão dos 50 mil veículos que terão a BR-277 como destino entre hoje e amanhã, segundo estimativa da Ecovia (concessionária que administra o trecho até o litoral), preferem aproveitar a cidade vazia para se divertir bem longe de marchinhas, sambas-enredo, axé music e que tais ou apenas descansar. Gente que considera a cidade nesse período um verdadeiro paraíso – ou um inferno divertido, para um grupo específico que aproveita a data para se fantasiar de uma forma bem diferente da dos foliões.

O professor universitário Renato Perissinotto, 42 anos, afirma se divertir mais em Curitiba no carnaval do que se fosse viajar. "Não corro risco de acidente na estrada e nem enfrento filas em lugares lotados", explica ele, que pretende se encontrar com amigos em bares e restaurantes na capital, bem como assistir a DVDs em casa durante o feriado. Perissinotto diz que, com as ruas vazias, suas atividades do dia-a-dia, como correr, ficam ainda mais agradáveis. "A ciclovia onde corro vai estar vazia. É muito bom", diz.

O casal Domenico e Ivonka Filizola, 68 e 70 anos, respectivamente, fez ontem o caminho inverso da multidão justamente para fugir do burburinho do carnaval no litoral. Às 9 horas, eles passaram a chave no apartamento em Caiobá e retornaram para Curitiba até que a folia de momo passe – terça-feira voltam ao litoral. "O dia ontem estava lindo, mas amanhã (hoje) começa o barulho e aí não dá mais para descansar", afirma seu Domenico, que é procurador público aposentado e diz que fica longe do agito do carnaval, mas não do samba. "Vou passar o feriado ouvindo os meus CDs e vendo DVDs. Tenho show do Zeca Pagodinho, do Pagode do Arlindo (roda de samba do músico carioca Arlindo Cruz)...", entrega.

Já o estudante Guilherme Linhares, 16 anos, vai aproveitar o tempo livre para colocar os estudos em dia. Guilherme vai usar os quatro dias da festa mais popular do país para treinar o Inglês nos livros, bem como também na internet. "Também vou encontrar alguns amigos que não viajaram para darmos uma volta, porque ficar vendo desfile de escola de samba na televisão não dá", afirma.

Zumbis

Uma das novidades alternativas no período de carnaval em Curitiba neste ano será a primeira Zumbi Walk, no domingo – caminhada que reunirá fãs de filmes de terror, devidamente personalizados. Assim como nas películas de mortos-vivos, os participantes caminharão pela cidade de maneira cambaleante (há até instruções de como um legítimo zumbi deve andar), saindo do Cemitério Municipal às 19 horas até a casa noturna Jokers, onde ocorre o Psycho Carnival (o já tradicional festival de bandas psychobilly – um dos gêneros do rock – que ocorre justamente no carnaval). "A Zumbi Walk não está ligada a nenhum movimento urbano. É apenas uma diversão para fãs de filmes de terror e do psycobilly", afirma um dos organizadores, o estudante universitário Tiago Pinheiro, 20 anos, que espera mobilizar no mínimo 70 participantes.

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