Bachelet afirma que no Brasil “há ataques contra defensores dos direitos humanos”

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Em sua apresentação anual em que faz um balanço sobre a situação dos direitos humanos, Michelle Bachelet, alta comissária das Nações Unidas para Direitos Humanos e ex-presidente do Chile, incluiu uma crítica ao Brasil. Segundo ela, no país há "ataques contra defensores dos direitos humanos" e ações para "deslegitimar o trabalho da sociedade civil e movimentos sociais".

"No Brasil, ataques contra defensores de direitos humanos, incluindo assassinatos - muitos deles direcionados a líderes indígenas - estão ocorrendo em um contexto de reversões significativas de políticas para proteger o meio ambiente e os direitos dos povos indígenas. Também há aquisições crescentes de terras de indígenas e afrodescendentes e esforços para deslegitimar o trabalho da sociedade civil e movimentos sociais", disse Bachelet, nesta quinta-feira (27).

No discurso, Bachelet adiantou que não iria citar países que são objeto de investigações específicas, como Afeganistão, Nicarágua ou Venezuela.

Além do Brasil, a alta comissária citou como preocupantes o cenário de países da África - Burkina Faso, Mali e Níger -, Ásia - Síria, Iraque, Palestina, Egito, Arábia Saudita, Índia, Paquistão, etc. -, das Américas - como Chile, Equador, Bolívia e Estados Unidos -, e da Europa.

Essa não é a primeira vez que Bachellet censura o Brasil e o governo de Jair Bolsonaro. Em setembro de 2019, ela disse ter "pena pelo Brasil". "Se há uma pessoa que diz que em seu país nunca houve ditadura, que não houve tortura, bem, que a morte de meu pai por tortura permitiu que (o Chile) não fosse outra Cuba, a verdade é que me dá pena pelo Brasil", disse, na época, em entrevista à Televisão Nacional do Chile (TVN).

Antes, Bolsonaro já havia respondido a outras críticas de Bachelet, citando o pai dela, torturado pela ditadura chilena. "[Bachelet] diz ainda que o Brasil perde espaço democrático, mas se esquece que seu país só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973, entre esses comunistas o seu pai brigadeiro à época", publicou no Facebook.