
PR adota ações de despoluição
O Paraná já implantou algumas iniciativas para despoluir a Bacia do Prata e evitar a contaminação dos rios. Uma das reservas que vem sendo trabalhadas é a Bacia do Paraná III, onde vivem 1 milhão de paranaenses em 29 municípios. A área e os rios dessa bacia, que integra a Bacia do Prata, estão sendo monitorados por Itaipu pelo Programa Cultivando Água Boa.
Segundo o diretor de Coordenação da Itaipu Binacional, Nelton Friedrich, por ser muito produtiva, a área concentra muitos resíduos industriais e orgânicos prejudiciais aos rios. No entanto, por meio do programa que também começa a ser implantado no lado paraguaio - vêm sendo realizadas ações de conscientização com sitiantes e moradores para evitar a contaminação. A metodologia será absorvida pelo comitê trinacional para gerir a Bacia do Prata.
Foz do Iguaçu A falta de rede de esgotos e o plantio irregular estão contribuindo de maneira significativa para a contaminação da Bacia do Prata formada por uma rede de rios e afluentes que passam por Argentina, Brasil, Bolívia e Paraguai. Preocupados com a situação da reserva hidrológica, que está em uma área onde se gera 70% da soma do Produto Interno Bruto (PIB) dos cinco países e é referência na produção de energia na América Latina, técnicos e autoridades do Brasil, Paraguai e Argentina estão discutindo em Foz do Iguaçu a criação de um comitê trinacional para gestão da bacia.
O consultor do Programa Mundial de Avaliação de Recursos Hídricos das Organizações das Nações Unidas (ONU), Victor Pochat, representante da Argentina, faz um alerta quanto à situação da bacia. Segundo ele, apesar de ser uma das mais desenvolvidas no mundo quanto aos aproveitamentos hidrelétricos, a reserva está sendo prejudicada pela ação do homem. Um dos fatores é a grande concentração populacional. Na região, cujos maiores rios são o Paraná, Paraguai, Uruguai e da Prata, vivem cerca de 132 milhões de habitantes, compreendendo os cinco países. Contudo, o número de ligações de esgotos e sistemas para o tratamento de resíduos das cidades não é suficiente para evitar a contaminação. Outro problema comum aos países, conforme Pochat, refere-se às freqüentes ocorrências de inundações, causadas em parte por construções irregulares e culturas agrícolas inadequadas próximas aos rios.
Na tríplice fronteira do Brasil, Paraguai e Argentina a expansão agrícola desordenada é considerada a grande inimiga da Bacia do Prata, segundo Pochat. Ele explica que o plantio irregular, com grandes quantidades de agrotóxicos e sem rotação de culturas, predispõe a poluição dos rios porque os resíduos acabam chegando às águas. "É necessário ter um equilíbrio entre o que significa desenvolvimento e proteção do meio ambiente", diz.
O problema é complexo, de acordo com o consultor, porque hoje a agricultura é uma das principais riquezas dos países fronteiriços. E há incentivos para que reservas naturais sejam trocadas por áreas agrícolas.
Para Pochat, ao invés de esperar a ação dos governos, a mudança deve partir da própria população. "A população tem que influenciar os governos na hora de votar e apoiar instituições que cuidam do meio ambiente. Geralmente os políticos atuam para conseguir votos", salienta.
A Bacia do Prata é uma das principais pautas do 1.º Encontro Trinacional para Gestão de Águas Fronteiriças e Transfronteiriças, ArgentinaBrasil e Paraguai, aberto ontem à noite em Foz do Iguaçu. O evento conta com a participação de autoridades e cerca de 300 técnicos e especialistas da área e encerra-se na quarta-feira.
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