Com 330 casas, cinco igrejas, uma escola, um campo de futebol, seis estabelecimentos comerciais e sete ruas, o Jardim Iporanga II, na zona leste de Sorocaba, vai, inteiro, a leilão na quarta-feira. Os dois mil habitantes correm o risco de ficar sem teto.

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É o resultado de um processo que remonta a 1976, quando a prefeitura doou uma área de 76 mil metros quadrados à empresa Aços Mafer para a instalação de uma fábrica. A área, porém, tinha um posseiro: Aristides Antonio de Moura morava no local - então um sítio sem valor.

Para contornar o problema, a empresa o contratou como caseiro. Não pagou seus salários nem construiu a fábrica. Porém, ofereceu o terreno como garantia de um empréstimo tomado do Banco do Brasil. Em 1983, a empresa foi à falência e o banco entrou com ação para executar a dívida. O terreno chegou a ser posto em leilão, mas não houve interessados.

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Sem receber salário, Moura começou a vender lotes do terreno. "Como ele tinha a posse, registrava a cessão no cartório e o comprador ficava documentado", conta o presidente da Sociedade Amigos do Bairro (SAB), Francisco Valério, o "Gilson". Ele foi um dos adquirentes, há 18 anos. Com a área ocupada, a prefeitura instalou redes de luz, água, esgoto e começou a cobrar impostos.

No início deste mês, os moradores foram surpreendidos com a notícia do leilão definitivo. O terreno foi avaliado em R$ 2,17 milhões. A abertura dos envelopes com propostas está marcada para quarta-feira.

Suspensão

A advogada Emanuela Barros entrou com medida cautelar para suspender o leilão, mas a Justiça negou. Ela vê uma possível saída numa lei aprovada neste ano pela prefeitura que transforma 35 bairros de Sorocaba - entre eles o Iporanga II - em Áreas Especiais de Interesse Social. "A prefeitura pode suspender o leilão", diz. A área hoje é valorizada: está na margem direita da Rodovia Senador José Ermírio de Moraes (Castelinho), cercada por indústrias e condomínios de luxo.