Uma ruidosa disputa por dinheiro público e espaço político está em curso nos bairros de Curitiba, protagonizada por associações de moradores e clubes de mães que acabam indo contra os interesses das comunidades que dizem defender. O auge da rixa se deu em abril, com o racha na Federação das Associações de Moradores de Curitiba e Região Metropolitana (Femoclam) que deu origem à Femotiba, de igual caráter, mas limitada à capital. A briga, até então restrita à periferia, começa a se infiltrar nos gabinetes da prefeitura, da Câmara Municipal, do governo do estado e da Assembléia Legislativa. Estão por trás interesses políticos e econômicos.
Salvo raras exceções, essas e muitas outras organizações não-governamentais estão sob a tutela ou apadrinhamento político. Não raro, vivem de beliscar os cofres do governo, seja municipal, estadual ou federal. Abarcadas nas duas federações, elas orbitam em torno do poder público. Os cabeças da veterana Femoclam e da novata Femotiba estão em lados políticos opostos, uma das razões da cisão. O presidente dos dissidentes assessora o prefeito Beto Richa (PSDB) e o da Femoclam, o vereador Valdenir Dias, migrou há pouco do PTB para o PMDB do governador Roberto Requião. E isso se reflete nos bairros, na forma de desavenças, pressões e boicotes.
O vice-presidente da Femoclam, Nilson Pereira, faz uma leitura política da cisão. A Femotiba, acusa ele, foi criada três dias depois de Feltrin perder a eleição para a presidência da Femoclam e nasceu com a finalidade de barganhar cargos na administração pública. "Quatro de seus diretores são funcionários da prefeitura", diz. O assessor do prefeito rejeita o vínculo e enumera as razões pelas quais foi posto no gabinete do Palácio 29 de Março. É delegado nacional do PSDB, amigo de Beto desde muito antes das eleições municipais e coordenou os maiores comícios dele no segundo turno. "Não preciso da Femotiba para estar nesse cargo", argumenta.
Os motivos do racha, assegura Feltrin, foram por divergências no processo eleitoral. A diretoria anterior, denuncia, usou "métodos escusos" na condução do pleito. Uma ação em trâmite na Justiça traz muitos questionamentos, com ênfase a três: 1) o vice na chapa da Femoclam, Nilson Pereira, é irmão do ex-presidente João Pereira, que presidiu a comissão eleitoral; 2) entidades em situação irregular votaram; 3) entidades regularizadas foram impedidas de votar. Segundo ele, umas 30 associações de moradores e clubes de mães de Araucária, eleitores dele, não puderam votar, enquanto outros 30 de Campo Largo que estariam em situação irregular participaram do pleito. "O Nilson é de Campo Largo", observa Feltrin.
Nilson Pereira garante que a Femoclam não sofreu baixas significativas após a criação da Femotiba. Existe há 21 anos e tem, em números redondos, 1.300 entidades filiadas (700 em Curitiba e as demais nas cidades da região metropolitana). Quanto a Femotiba, os números variam conforme quem os enuncia. O vice, Timóteo Borges de Campos, fala em 105 filiadas, mas o presidente, Edson Feltrin, corrige o número para 300, incluindo associações de moradores, clubes de mães, entidades esportivas, recreativas, assistenciais, entre outras.
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