Opinião
A via-crúcis de um intérprete de Jesus
Esta época do ano já se tornou uma verdadeira cruz para mim, mas minha peregrinação é diferente da de Jesus: em vez de encarar 40 dias no deserto, tenho que dividir meu tempo entre faculdade, trabalho e ensaios nos fins de semana. O texto é decorado no ônibus, o único tempo que me sobra. Apesar disso, a vivência da Paixão de Cristo é uma experiência de crescimento pessoal.
Na minha primeira participação, em 2008, atuei como soldado, sem falas. Um ano depois, fui convocado para ser o protagonista, isso com apenas 17 anos. Passados três anos, estou novamente atuando como o Mestre. A cada ensaio me dedico ao máximo, tentando sentir a intensidade daquele sofrimento, mas sabendo que tudo dará certo. Afinal, se Ele me incumbiu de vivê-lo mais uma vez, é porque a cruz pode ser carregada.
Júlio Boll, programador de internet trainee do Gaz+, da Gazeta do Povo, que interpreta Jesus na Paróquia Santo Antônio, Órleans.
Perto de casa
Veja onde ocorrem as apresentações:
Alto Boqueirão: Praça Cabo Nácar (final da Rua Francisco Derosso) 19h
Bairro Alto: Paróquia Maria Mãe da Igreja (Rua Gastão Cruls, 2.235) 19 h
Barreirinha: Paróquia Nossa Senhora das Graças e Santa Gema Galgani (Rua Carmelina Cavassin, 90) 18 h
Órleans: Paróquia Santo Antônio (Rua João Falarz, 220) 20 h
Pilarzinho: Pedreira Paulo Leminski (Rua João Gava, s/n°) 19 h
Portão: Paróquia São Jorge (Rua Itacolomí, 1.840) após a celebração das 19h30
Santa Quitéria: Estádio de Futebol Maurício Fruet (Rua Brasílio Ovídio da Costa, 1830) 19h30
São Braz: Capela Nossa Senhora das Graças (Rua Carmela Tosato, 11 São Braz) 20 h
Sítio Cercado: Rua da Cidadania do Bairro Novo (R. Tijucas do Sul, 1.700) 20 h
Uberaba: Seminário João Paulo II (Rua Augusto Steembock, 51) 19 h
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Na noite de hoje, grupos de teatro amador vão levar as cenas da Paixão de Cristo às paróquias e praças de toda a cidade. Motivados pelo desejo de evangelizar ou apenas levando adiante uma antiga tradição popular, os grupos formados quase exclusivamente por voluntários doam tempo, recursos e muito esforço para contar todos os anos a história das últimas horas de Jesus.
Nas igrejas, a iniciativa é geralmente liderada por grupos de jovens, que dão um jeito de encaixar na rotina corrida um horário para ensaios. "Todos têm faculdade, trabalho, cursinho, então a gente dedica os sábados e domingos à preparação", conta Rafael Bloom, 20 anos, produtor cênico da apresentação que ocorre há oito anos no pátio da Paróquia Santo Antônio, no bairro Orleans.
Conseguir elenco o suficiente não parece ser problema para quem leva o projeto adiante. "Anunciamos que precisamos de gente nas missas, convidamos pessoas de outras pastorais e no fim sempre conseguimos uma boa equipe", diz Eliana Domingos de Jesus, 29, que participará da encenação promovida pela Paróquia Maria Mãe da Igreja, no Bairro Alto. Pela primeira vez, a comunidade vai sair da igreja às 19 h acompanhando a Via-Sacra e se reunir no Centro Cultural Vilinha, próximo da paróquia, onde ocorrerá a apresentação.
Roteiro
A maioria dos grupos usa como roteiro ou a sequência de fatos narrados pelos evangelhos, ou copia os modelos adotados por grupos de maior destaque, como o Lanteri, que se apresenta na Pedreira Paulo Leminski. O grupo Stellum, no entanto, aproveita a oportunidade para dar explicações catequéticas no decorrer da peça. "Em alguns momentos congelamos a cena e um de nós explica para o público o que significa algum ato ou fala", diz Rafael Jauch, 27, que faz o papel de Jesus há dez anos. O Stellum fará a apresentação dividida em três dias de sexta a domingo na Paróquia São Jorge, no Portão.
Doações e editais financiam eventos
Apesar do entusiasmo com a apresentação, bancar os gastos com figurino, cenário, som e iluminação é o maior desafio para os voluntários.
No Uberaba, todos os anos o Grupo Teatral Ágora usa o salão da Paróquia Nossa Senhora Aparecida para promover algum evento e levantar fundos. "Dessa vez fizemos uma festa do pastel e conseguimos bancar o figurino", diz Anderson Luiz Alves, 38, coordenador do grupo.
A alternativa mais desejada pelos grupos teatrais, no entanto, são os fundos liberados pela Fundação Cultural de Curitiba, que financiam seis propostas. Um dos grupos que participou do edital e obteve R$ 15 mil foi o Jubac, vinculado à Capela Sagrado Coração de Jesus, no Alto Boqueirão. O grupo existe há 22 anos, tem um elenco de 200 pessoas e se apresenta na Praça Cabo Nácar. No ano passado cerca de 3 mil pessoas assistiram à encenação.
No Sítio Cercado, o espetáculo montado pelo Grupo de Teatro Arte e Vida, da Paróquia Profeta Elias, também conseguiu o financiamento da FCC e escolheu a Rua da Cidadania do Bairro Novo como palco. Além da ajuda da FCC, o grupo conta com contribuições de pequenas empresas locais.
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