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Baixa confiança de varejistas adia investimentos no Paraná

Vendas do varejo paranaense em 2014 cresceram 2,4%, mas expansão foi a menor em nove anos. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Vendas do varejo paranaense em 2014 cresceram 2,4%, mas expansão foi a menor em nove anos. (Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo)

A estagnação da economia está forçando muitas varejistas do Paraná a reduzir investimentos e cortar custos para enfrentar o momento ruim sem promover demissões. A pretensão de investir caiu 13 pontos no estado no último semestre, ao mesmo tempo em que a possibilidade de reduzir o quadro funcional se expandiu, indica pesquisa conjuntural encomendada pela Federação do Comércio do Estado do Paraná (Fecomércio-PR) junto a representantes do setor.

Entre as que apertaram os cintos estão as Lojas MM, com sede em Ponta Grossa e focadas em móveis e eletroeletrônicos. A empresa reduziu de 40 para 30 o número de lojas a serem abertas até dezembro. O plano de expansão foi definido em setembro passado, mas alterado neste início de ano, após uma sondagem própria indicar queda recorde na confiança do consumidor.

Situação parecida enfrenta a Romera, de Arapongas, que pretendia ingressar neste ano em um novo estado, mas adiou o projeto para 2016. A entrada do grupo no Pará, feita no ano passado, já havia sido afetada, com redução de 16 para nove no número de unidades abertas. “A Copa do Mundo foi o divisor de águas, o marco para a decadência do nosso mercado”, conta o diretor executivo do grupo, Júlio Lara, que ficou decepcionado com a venda de televisores durante o Mundial. Ele relata redução no ímpeto do consumidor desde então.

O Grupo Muffato, que tem super e hipermercados, não cortou investimentos, mas usa a palavra “cautela” para definir o momento atual e afirma que vai esperar os próximos meses para decidir em que ritmo pretende executar as obras previstas – três unidades devem ser abertas neste ano, em Ponta Grossa, São José do Rio Preto (SP) e um município ainda não divulgado. “Esse é um dos cenários mais difíceis do período pós Plano Real”, diz o diretor do grupo, Everton Muffato.

As empresas também têm promovido reduções de custos para compensar resultados abaixo do esperado – em 2014, as vendas do varejo no Paraná recuaram 6% no segmento de móveis e se expandiram 2,4% de maneira geral, configurando o pior resultado em nove anos, conforme dados do IBGE. As Lojas MM, por exemplo, diminuíram o volume de treinamentos e realocaram funcionários para suprir novas demanda sem contratações. Na Romera, viagens foram restringidas a casos indispensáveis e ferramentas como Skype se tornaram opção para promoção de reuniões a distância, sem necessidade de deslocamentos.

Risco de demissões

Os esforços, segundo os empresários, buscam afastar a possibilidade de promover demissões. O Grupo Muffato interrompeu o movimento de abertura de vagas há cerca de nove meses e, hoje, só contrata para substituir funcionários que se desligam da empresa.

Júlio Lara, da Romera, diz que a empresa está “tirando de onde pode para não precisar mexer nos empregos”. “Antes, nossa vitória era aumentar as vendas. Agora, vamos ficar felizes se não precisarmos fazer corte de pessoal”, acrescenta.

Para o presidente da Associação Comercial do Paraná, Antônio Miguel Espolador Neto, o aumento do volume de vendas será a condição necessária para que o movimento de demissões no varejo seja evitado. “Os empresários estão muito preocupados com essa possibilidade.”

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