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Bala que atingiu Bárbara saiu de arma de uso exclusivo da polícia

Dezenas de amigos compareceram ao velório de Bárbara, ontem. Eles cobram uma resposta rápida pelo crime | Antônio More/ Gazeta do Povo
Dezenas de amigos compareceram ao velório de Bárbara, ontem. Eles cobram uma resposta rápida pelo crime (Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo)

A bala que atingiu a adolescente Bárbara Silveira Alves, 16 anos, é de uma arma calibre .40, característico do armamento utilizado exclusivamente por policiais civis e militares. A informação, de uma fonte ligada às investigações, não é confirmada oficialmente pela Polícia Civil. A adolescente foi morta após um suposto tiroteio envolvendo policiais à paisana e suspeitos de um assalto na última quarta-feira, no bairro Santa Cândida, em Curitiba.

O caso está sob investigação na Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), que ainda aguarda laudos do Instituto de Criminalística. A equipe de investigação da DFR ouvirá os policiais militares envolvidos na manhã de hoje. Depoimentos de outras testemunhas do crime devem ocorrer a partir da semana que vem. A lista de pessoas que serão ouvidas está sendo elaborada pela polícia.

No local do crime, na tarde de ontem, ainda era possível ver as marcas de sangue da adolescente, que foi socorrida inicialmente por moradores e comerciantes da região.

Testemunhas que estavam no local – e que não quiseram se identificar – disseram que foram quatro tiros disparados. Algumas marcas de balas ainda podiam ser vistas em muros e paredes. "A gente viu que uma bala atingiu um muro, outra uma parede e a outra uma placa. A última pegou na menina", disse uma testemunha. Segundo moradores e comerciantes, as balas teriam saído do local onde estavam os policiais, perto do restaurante onde ocorreu o assalto.

Bárbara foi atingida por uma bala nas costas. Po­pulares tentaram socorrê-la enquanto ela ainda estava consciente. Alguns minutos depois, uma ambulância do Siate chegou e levou Bárbara para o Hospital Cajuru. Ela não resistiu e morreu por volta das 14 horas de quarta-feira. A população afirma que, no momento do tiroteio, outras crianças passavam pelo local naquele horário por causa da saída do colégio do turno da manhã.

A Polícia Militar foi questionada pela reportagem sobre o treinamento dos policiais e como eles são orientados a agir nessas ocasiões, mas não recebeu resposta até o fechamento desta edição.

Sepultamento

O corpo da adolescente foi enterrado no começo da tarde de ontem, no Cemitério Municipal do Santa Cândida, em Curitiba. Em meio à tristeza, dezenas de amigos e familiares mostraram indignação e exigiram uma resposta rápida da polícia sobre o caso.

"Ela era uma menina extrovertida, muito feliz. Era a primeira a ajudar todo mundo", comentou uma das amigas do Colégio Estadual Santa Cândida, Karolyne Antonio, 15 anos. Bárbara foi descrita pelos mais próximos como uma menina caseira e estudiosa.

Ainda ontem, alguns alunos se manifestaram em frente à rotatória próxima do local do crime. Eles fizeram cartazes com homenagens a Bárbara e pedidos de paz e os colocaram sobre cavaletes de propaganda política. Um nova manifestação, organizada pelos colegas de escola de Bárbara, é cogitada para a semana que vem.

Brasil é o 2.º da América Latina em casos de balas perdidas

Lucas Gabriel Marins, especial para a Gazeta do Povo

O Brasil é o segundo país da América Latina com o maior número de casos de balas perdidas e o terceiro em quantidade de mortes decorrentes delas, segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado em setembro passado. Entre 2009 e 2013, período do estudo, foram 22 mortes e 53 feridos. O país só perde para a Venezuela, que registrou 74 feridos e 67 mortes.

De acordo com o estudo, 27% dos casos são decorrentes de perseguição policial a supostos criminosos. Em segundo lugar está o tiroteio entre gangues, que representa 24%. Cerca de 10% dos episódios ocorreram por causa de conflitos interpessoais (brigas de civis) e 40% não tiveram motivos definidos.

De acordo com Bruno Langeani, coordenador da área de Sistemas de Justiça e Segurança Pública do Instituto Sou da Paz, que analisou o relatório, a ONU faz algumas recomendações a respeito do uso de armas por polícias. "A arma é o grau máximo de força. Em muitos casos, tem que ser feito o protocolo, que é ligar pra central e pedir reforço ou até optar por não fazer disparos. Dessa forma se protege a própria vida e a vida de terceiros", relata.

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