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Aos fins de semana, um veículo todo iluminado, com dois andares e capacidade para 220 pessoas, chama a atenção de quem circula pela orla da praia em São Vicente, na Baixada Santista. Primeiramente, pela música alta. Em segundo, pela animação dos passageiros.

Mas o mais inusitado acontece quando o semáforo fecha. De dentro do ‘trio elétrico’, pulam pessoas vestidas de Fofão, Homem-Aranha e até de Goku (do desenho Dragon Ball Z), que começam a dançar, com coreografias ensaiadas, e a mexer com quem passa na rua.

O pessoal dentro do trio dança; o pessoal na orla, também. Alguns pedestres acenam, carros buzinam. O som é o mais variado: do axé ao sertanejo, do dance ao funk.

"É muita zoeira", diz o garoto Carlos Henrique, de 12 anos, um dos ocupantes da ‘balada móvel’. Dançando na parte de cima o tempo todo, ele diz que faz o passeio sempre.

"É bem gostoso", diz a empregada doméstica Márcia Pereira, de 37 anos, ‘turista de primeira viagem’, apesar de moradora da cidade.

A balada dura pouco: cerca de 30 minutos. E custa R$ 5 (crianças de colo não pagam). O passeio é feito pela orla das praias do Gonzaguinha e do Itararé. Acontece aos sábados e domingos, mas quando há procura às quintas e sextas, o veículo, que fica estacionado no Parque Ipupiara, em frente à Biquinha, também sai às ruas da cidade do litoral. No trajeto, os bonecos fazem piruetas agarrados ao trio. Brincam com os motoristas dos carros e motos e agitam o pessoal na calçada.

Um dos donos da ideia é o empresário Kleber Lima da Silva, de 28 anos. Natural de São João da Boa Vista, a 216 km da capital, ele leva a ‘carreta da alegria’ ao litoral, onde fica durante boa parte das férias de verão. No final de janeiro, ele costuma fazer uma pausa, vai ao interior e depois volta para o carnaval.

Segundo ele, em um fim de semana de movimento e sol, cerca de 2 mil pessoas andam na ‘balada móvel’. A bebida é permitida no veículo. "É mais uma opção de divertimento e lazer para quem sai da praia", conta. Por isso, os passeios começam às 17h, horário em que os turistas deixam a areia e o mar de lado, e só terminam por volta da 0h (se o tempo bom permitir).

Suzete Camargo, de 60 anos, e a neta Sofia, de 6 anos, são fãs da ‘balada móvel’. Moradora do Tatuapé, Zona Leste de São Paulo, Suzete diz que também tem um apartamento em São Vicente e sempre que desce a serra leva a neta ao passeio. "Ela sempre quer vir. Gosta da farra, das luzes, da gritaria."

No início do passeio, acompanhado pelo G1 na noite de domingo (10), a menina se mostra contrariada, porque um temporal mais uma vez interrompe os planos de ela curtir a bagunça no segundo andar. "Sempre que eu venho chove." Mas a chuva de verão passa e ela volta a abrir o sorriso. Ainda assim, não consegue fazer o passeio do alto. Sinal de que a avó terá de voltar ao trio mais uma vez.

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