O governo do Paraná tem como meta deixar todos os 2.134 colégios da rede estadual conectados à internet banda larga até 2014. Segundo dados do Censo Escolar 2011, 97% das escolas do estado têm acesso à internet e 1.566 (73%) têm a tecnologia da banda larga disponível. No entanto, o avanço prometido só será relevante se houver investimento em equipamentos e treinamento de professores.
A rede estadual possui 45.678 computadores para atender 1,2 milhão de alunos uma média de 27 estudantes na disputa para usar cada máquina. Em todo o Brasil, os colégios estaduais possuem uma média de 43 alunos por computador.
Os equipamentos são mal distribuídos. Há colégios que possuem 16 computadores para atender quase mil estudantes, como o Colégio Estadual Tancredo Neves, em Imbaú, na região central, com quase 60 alunos por computador. Outro exemplo é o Colégio Estadual José Pioli, em Itaperuçu, na Região Metropolitana de Curitiba, que possui 20 computadores para aproximadamente mil alunos, segundo o Censo Escolar.
"É necessário que o poder público dê condições estruturais para os alunos usarem o computador nas atividades. Não é o ideal que se tenha três ou quatro alunos dividindo a mesma máquina", aponta o doutor em Educação e professor da Universidade de São Paulo (USP) Ocimar Alavarse. Ele afirma que um laboratório com poucos computadores é incapaz de atender uma turma com 30 estudantes.
Outro ponto levantando por Alavarse é que, em muitas escolas do país, os laboratórios de informática ficam ociosos por diversas razões. Uma delas corresponde à manutenção dos equipamentos. "Informática exige manutenção física e operacional. Muitos equipamentos que apresentam problemas ficam sem reparos", salienta Alavarse.
Professora e doutoranda em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Gabriela Schneider reconhece que o uso da internet e de computadores pode auxiliar no aprendizado dos alunos. Todavia, ela relata que em diversas escolas os equipamentos sequer saíram das caixas. "É preciso uma estrutura que possa fazer a manutenção dos computadores. Não se pode deixar que o professor tenha a tarefa de cuidar também do laboratório de informática", ressalta.
Gabriela ainda chama a atenção para o fato de que investimento seja em instalação de banda larga ou compra de computadores não é sinônimo de melhora no ensino. "Se tem condições de investir em banda larga, o governo deve ter condições de ofertar infraestrutura mínima nas escolas, como telhados, banheiros e paredes em boas condições", afirma.
Banda larga
Na rede municipal de ensino de todo o Paraná, 53% das escolas (2.624) possuem banda larga. São 38.455 computadores para 752.008 estudantes média de 20 alunos por computador. Na rede privada do estado, onde há aproximadamente 12 alunos por computador, 92% das 2.055 escolas possuem banda larga.
InformatizaçãoGoverno promete investir em lousas digitais
O diretor-geral da Secretaria de Estado da Educação, Jorge Eduardo Wekerlin, concorda que a distribuição dos computadores não é uniforme entre as escolas, mas afirma que a média de 27 alunos por equipamento pode ser considerada um padrão. Segundo ele, a meta da gestão é levar a banda larga a todas as escolas até 2014. Werkelin afirma que outro assunto tratado com prioridade é a implantação de computadores e lousas digitais nas salas de aula. "A nossa ideia é transformar o ambiente escolar levando a tecnologia para dentro das salas. Não podemos ter computador apenas em laboratório", afirma. Em 2013, ele garante que 3 mil das 25 mil salas de aula da rede estadual terão a lousa digital. "Há situações em que num período de seis meses o professor não levou alunos ao laboratório de informática uma única vez. Com as lousas, podemos usar a internet para o ensino no dia a dia", explica o diretor. De acordo com Werkelin, o modelo de laboratório não dá certo. "O professor não consegue atender todos os alunos", justifica.