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Violência no Rio

Bandidos recebem ultimato da PM e negociam rendição

José Júnior, coordenador do AfroReagge, chega para conversar com os criminosos: tentativa de evitar uma chacina | Wilton Junior/AE
José Júnior, coordenador do AfroReagge, chega para conversar com os criminosos: tentativa de evitar uma chacina (Foto: Wilton Junior/AE)
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Rio de Janeiro - A polícia do Rio de Janeiro, que desde sexta-feira mantém um cerco ao conjunto de favelas do Alemão, com veículos blindados e 800 homens do Exército, deu um ultimato aos criminosos que se refugiam no local. "Estamos a postos para invadir a qualquer momento. É melhor eles se renderem agora e levantarem as armas enquanto é tempo, porque quando a gente invadir vai ser mais difícil. Estamos do lado de fora por pouco tempo," avisou o comandante-geral da Polícia Militar do Rio, coronel Mário Sérgio Duarte, em entrevista coletiva por volta do meio dia deste sábado.

Uma hora depois, o diretor executivo do Grupo AfroReggae, José Júnior, chegou à Favela da Grota, para conversar com traficantes, que teriam enviado mensagens a ele para iniciar algum tipo de conversação antes da invasão da polícia. Veio disposto a negociar uma rendição para evitar o elevado número de mortes que se espera em um eventual combate. José Júnior subiu a favela acompanhado por cinco homens por uma das ruas transversais da Avenida Itararé, uma das principais do complexo. Entrou informando apenas que tinha que "resolver um assunto sério".

Meia hora depois saiu dizendo que mais tarde poderia comentar alguma coisa. Júnior, que há 15 anos media conflitos em favelas do Rio, tem excelente relação com o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) e seu vice, Luiz Fernando Pezão. Ele criou AfroReggae em 1993 e desde então atua na área social cultural em favelas, abrigando e empregando ex-traficantes dispostos a abandonar o crime.

A PM informou no início da tarde deste sábado que já foi definido um local dentro da favela para que os homens se entreguem. Segundo o relações públicas, coronel Lima Castro, o local é na Rua Joaquim de Queiroz, esquina com a Rua Itararé, na Zona Norte do Rio. A polícia pede ainda que os criminosos que forem ao local cheguem desarmados ou com as armas acima da cabeça. Já está preparado também um lugar específico para levar os criminosos detidos.

Cerco

PMs e militares das forças armadas continuam fazendo contenções nas entradas das favelas. "Estamos chegando nos momentos finais para a retomada do Alemão. Estaremos do lado de fora por muito pouco tempo. Aqueles que querem se render devem fazer isso agora", declarou o comandante-geral da PM.

Para Duarte, "não há nenhuma chance de traficantes serem bem-sucedidos na tentativa de defesa do território". "Nossas forças têm toda a superioridade nesse momento; homens, equipamentos e munição com apoio de blindados e apoio aéreo", disse.

Com a figura de uma caveira, símbolo do Batalhão de Ope­­rações Especiais (Bope), da PM, colada no peito, o comandante-geral disse que a população dessas favelas deve ficar abrigada em casa para se proteger. Ele avisou que, para receberem o "tratamento que a lei determina", os traficantes "devem levantar suas armas e sair com armas e mãos sobre a cabeça". "Algumas lideranças já estão tentando fugir. Eles não são capazes de oferecer resistência. Estamos determinando sua rendição".

Referindo-se aos ataques com incêndios de carros e ônibus, Mário Sérgio disse que "um erro estratégico" dos criminosos acabou precipitando a operação no Alemão, e reconheceu que não há efetivo para a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no local.

"Ninguém falou até agora em modelo definitivo de UPP, mas em ações de resgate, de retomada", declarou. "Não vamos recuar na decisão de fazer a pacificação do Rio. Depois da missão no Alemão, teremos outras. Vamos retomar áreas onde o narcotráfico dominou, imperou e escravizou a população durante tantos anos".

A prisão de dois lideres do tráfico na madrugada de sábado, no entorno do Alemão (leia mais abaixo), deverá provocar um efeito dominó, afirmou coronel Lima Castro. Na opinião dele outras lideranças vão cair. "Se as próprias lideranças, que deveriam ser as últimas a sair, abandonam a região do conflito imagine as pessoas que não têm essa hierarquia. Temos informações de que outros líderes querem abandonar seus postos", disse o porta-voz.

Mochila

O Exército informou que prendeu um homem com US$ 50 mil e mais R$ 20 mil dentro de uma mochila, totalizando cerca de R$ 106 mil, na barreira montada pelos militares no Complexo do Alemão. "O comentário é que nunca vimos tanto dinheiro", disse o chefe de Comunicação Social do Comando Militar do Leste, coronel Ênio Zanan. Segundo ele, a pessoa foi presa e entregue à Polícia Militar.

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