Uma rachadura encontrada em uma das estruturas que auxiliam na flutuação de embarcações está entre as possíveis causas do naufrágio do barco Imagination, no Lago Paranoá, em Brasília. O acidente, na noite do último domingo, matou quatro pessoas e deixou pelo menos seis desaparecidas. Além disso, a superlotação do barco é outro fator que pode ter ocasionado a tragédia. No momento do naufrágio, ao menos 104 pessoas estavam a bordo para uma festa, e a capacidade máxima do barco seria para 92.De todas as pessoas que estavam na embarcação, 93 foram resgatadas com vida. Um bebê de 7 meses morreu a caminho do hospital. Três corpos foram localizados ontem perto do barco, que se encontra a 17 metros de profundidade, próximo da Ponte Juscelino Kubitschek. O corpo de uma mulher foi resgatado e os outros dois continuavam submersos até a noite de ontem, mas equipes de resgate tentavam retirá-los da água.
A rachadura foi constatada ontem por mergulhadores que faziam buscas no local. O tamanho da avaria não chegou a ser informado. De acordo com o comandante Rogério Leite, da Delegacia Fluvial de Brasília, encarregado do inquérito administrativo que determinará as causas do acidente, a rachadura ainda não pode ser apontada como a causa do acidente.
Outra hipótese para o naufrágio seria a colisão do Imagination com uma lancha que levava um convidado retardatário à embarcação. Sobreviventes relataram que todos correram para o lado da batida, concentrando o peso numa parte do navio. É possível que tenha sido justamente o lado com o tubulão rachado. O navio afundou em minutos, duas horas após sair do embarcadouro do clube Cota Mil.
Poucos passageiros conseguiram pegar o colete salva-vidas antes de cair na água. Acionado pela Capitania dos Portos às 20h52, o socorro do Corpo de Bombeiros levou cerca de 20 minutos para chegar ao local. "Já ouvimos relatos de colisão, de problema, de explosão, mas isso é prematuro. Só teremos certeza com a perícia", afirma o delegado-titular da 10.ª Delegacia de Polícial, Adival Cardoso de Matos, encarregado pelo inquérito criminal.
Vítimas
A tragédia não foi maior porque algumas embarcações que transitavam por perto chegaram rápido e ajudaram os passageiros. O bebê João Antônio Fernandes ainda tinha alguns sinais vitais funcionando, mas não resistiu e morreu antes de chegar ao hospital. A mãe dele, Valdelice Fernandes, 34 anos, é uma das desaparecidas e, segundo sobreviventes, teria sumido nas águas enquanto tentava salvar o filho.
O segundo corpo foi retirado das águas no final da manhã de ontem. Trata-se de Flávia Daniela Pereira Dornel, 22 anos, irmã da promoter da confraternização que ocorria no barco, Vanda Pereira Dornel, sobrevivente do acidente. Vanda prestou depoimento à polícia e disse que nunca teve problemas em eventos anteriores feitos em barcos.
Investigação
A Marinha abriu inquérito administrativo e tem 90 dias para concluir o relatório final com as causas do acidente. Dois peritos em acidentes navais irão hoje do Rio de Janeiro para Brasília para ajudar nas investigações. A Polícia Civil abriu inquérito criminal para levantar as responsabilidades pelo acidente e deve indiciar o piloto por crime culposo, sem dolo.
Um grupo de 30 mergulhadores e 56 pessoas dá suporte às buscas, com uso de seis lanchas, um barco de apoio e dois helicópteros.
O delegado Matos informou que havia 110 coletes salva-vidas e os passageiros receberam instruções de uso e dos procedimentos em caso de emergência. O comandante Leite confirmou que esse é o procedimento correto e que não é obrigatório o uso do colete o tempo todo. "Mas em caso de crianças e pessoas que não sabem nadar, manda o bom senso que estejam sempre de colete", ressalvou.