Lei entra em vigor oficialmente à meia-noite
- RPC TV
Justiça suspende efeitos da lei estadual antifumo no Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, a lei estadual que proíbe o fumo em ambientes fechados de uso coletivo começaria a ser fiscalizada nesta quarta-feira (18), mas teve os efeitos suspensos por conta de uma liminar concedida ao Sindicato de Bares, Restaurantes e Hotéis do Rio (Sindhrio). A suspensão ocorreu menos de 24 horas depois da publicação da regulamentação da lei estadual.
De acordo com o entendimento do juiz Luiz Henrique Oliveira Marques, já existe uma lei federal antifumo, que só permite o uso de tabaco em locais apropriados, arejados e isolados do restante do estabelecimento. Ainda de acordo com o juiz, o estado do Rio não poderia criar uma legislação mais rígida que a da União. Por isso, ele suspendeu os efeitos da lei para todos os estabelecimentos vinculados ao sindicato.
Para a advogada da Associação Brasileira de Defesa e Amparo Proteção do Trabalhador (Abradap), Margareth Pimpão Giocondo, que ingressou com uma ação semelhante contra a lei antifumo curitibana, a decisão abre precedentes. "Certamente o juiz deverá levar em conta essa liminar, já que nossa alegação é a mesma", diz.
Em ambientes municipais, lei vale desde o dia 5 de outubro
Nos espaços públicos municipais, como as sedes da prefeitura e prédios como o da rodoferroviária, postos de saúde ou Ruas da Cidadania, a lei antifumo curitibana foi antecipada pela prefeitura e vale desde o dia 5 de outubro. Segundo a prefeitura, os servidores responsáveis pelos ambientes em que qualquer pessoa for flagrada fumando estão sujeitos a "medidas administrativas" previstas em plano de carreira. Desta forma, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, os funcionários públicos municipais estão orientados a fiscalizar e proibir o uso do cigarro por parte de colegas e também de cidadãos que utilizem os espaços públicos. A prefeitura tem 32,5 mil servidores ativos dos quais, segundo pesquisa realizada em 2002, menos de 18% são fumantes. Esse percentual corresponde à média de fumantes no município, segundo pesquisa coordenada pelo Ministério da Saúde.
Proibição estadual começa dia 28
A lei estadual que proíbe o fumo nos ambientes fechados de uso coletivo do Paraná entra em vigor no próximo dia 28. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), nos municípios que têm lei própria sobre o assunto, como Curitiba, Maringá e Ponta Grossa, a nova norma será aplicada de maneira complementar, somente nos pontos em que tiver mais abrangência que a legislação municipal. Nos municípios sem lei antifumo, a lei estadual será aplicada na íntegra. Em ambos os casos, a fiscalização do cumprimento será feita pela vigilância sanitária de cada município.
Como na lei curitibana, a norma paranaense proíbe o fumo em locais fechados. As exceções são os templos religiosos desde que o uso de produtos fumígenos faça parte do ritual instituições de saúde que abriguem pacientes autorizados a fumar pelo médico, tabacarias, residências e vias públicas. A lei estadual ainda veda o fumo em veículos que transportem crianças e gestantes, além de táxis, carros oficiais e veículos de transporte coletivo. A multa prevista aos infratores é mais pesada, a partir de R$ 5,8 mil.Ari Silveira
A noite desta quarta-feira (18) será diferente em Curitiba. A maior parte dos restaurantes, cafés, bares e casas noturnas da cidade abre e funciona desde cedo livre das fumaças dos cigarros. Embora a lei municipal que proíbe o fumo entre em vigor apenas à zero hora desta quinta (19), proprietários de estabelecimentos e representantes do setor já se preparam desde cedo para se adequar à norma e não correr o risco de receber uma multa de R$ 1 mil. A partir das 23 horas, 18 fiscais da Vigilância Sanitária sairão do prédio da Secretaria Municipal de Saúde e percorrerão diversas regiões da cidade para vistoriar o cumprimento da legislação.
"Por toda a cidade os estabelecimentos já recolheram os cinzeiros e já afixaram os cartazes de divulgação da campanha", afirma Fábio Aguayo, presidente da seção Paraná da Associação Brasileira dos Bares e Casas Noturnas (Abrabar). Na prática, o estabelecimento em que for encontrado um cliente com cigarro aceso não poderá ser multado até a meia-noite, mas Aguayo afirma que, em geral, a proibição do cigarro começará desde a abertura dos bares e casas noturnas.
No Café Mafalda, no Centro, a proibição começou às 18 horas. "Fica muito difícil pedir para os clientes apagarem os cigarros apenas à meia-noite, depois que já começaram a fumar", explica a proprietária Ieda Godoy, dona também do Wonka Bar, que fica no bairro São Francisco e abre às 21 horas. "Todos os funcionários já estão orientados para abordar os clientes e proibir o fumo desde cedo nos dois bares", afirma.
Como uma forma de encarar a mudança com bom humor, na noite de terça-feira (17), o Wonka Bar promoveu a Noite dos Últimos Cigarros. "Hoje [quarta-feira] ninguém mais pode fumar", diz Ieda. A empresária prevê uma redução na clientela em um primeiro momento, mas considera a medida positiva. "Fala-se tanto em saúde atualmente; acho que é no fim será bom para todos", diz.
Antecipação
Bares como o Empório São Francisco, o Crossroads e o Matriz & Filial se adequaram à lei com antecedência ainda maior, e dão uma ideia de como a rotina dos fumantes funcionará nas noites a partir de agora. No Empório, que restringe o cigarro desde o dia 10, os clientes terão a opção de adquirir um cartão de consumação pré-pago. "O cliente fumante poderá pagar um valor que pretende gastar em consumação e receberá uma pulseira que possibilita que ele saia para fumar e volte para o bar", explica o proprietário, Silvio Benoski.
O Crossroads e o Matriz & Filial, estabelecimentos que proíbem o tabaco desde a noite de sexta-feira (13), ainda experimentam opções que permitam a saída dos clientes à rua para fumar. "Estamos testando diversas configurações. Uma das que tem funcionado sem exigir que os fumantes paguem a ficha de consumação cada vez que vão fumar, é permitir que ele saia do bar, mas deixe o documento de identidade, para que retorne e continue com a mesma ficha", explica Alessandro Reis, proprietário dos dois estabelecimentos.
Segundo ele, a aceitação dos clientes tem sido boa e não foram registrados incidentes graves. "É uma questão de costume. Antigamente era permitido fumar em farmácias, em cinemas e em aviões, e hoje achamos estranho. Daqui um tempo será igual pensarmos que podia fumar em bares", opina.
Fiscalização
A lei não prevê aplicação de pena para os fumantes, apenas para os estabelecimentos e seus responsáveis. A punição aos infratores vai desde multa de R$ 1 mil até a cassação do alvará de funcionamento da empresa. Seis equipes da Vigilância Sanitária, compostas por três fiscais cada, foram deslocados exclusivamente para a fiscalização da lei antifumo. Mas a Secretaria Municipal de Saúde afirma que os outros 220 fiscais do órgão que trabalham em outras áreas estão orientados e também poderão multar os estabelecimentos durante vistorias de rotina, que, além disso, checarão denúncias que poderão ser encaminhadas ao 156 e ao 0800 644 0041.
A primeira madrugada de fiscalização não tem o roteiro divulgado pela prefeitura. Nas últimas semanas várias abordagens educativas foram feitas em bares e casas noturnas do Centro e de bairros como Santa Felicidade, Prado Velho, Batel, com média de visita de 200 estabelecimentos por noite. Na ocasião, foram distribuídos material impresso e adesivos sobre a lei.
Reclamações
Embora todos os proprietários de restaurantes, bares e casas noturnas ouvidos pela reportagem considerem a medida positiva, não faltam reclamações a diversos aspectos da nova norma. "Poderia haver punição para o estabelecimento, mas acho que o cliente também poderia ser penalizado", diz Ieda Godoy. "Quando um cliente insistir em fumar e ficarmos insistindo, vai dar encrenca", prevê.
Alessandro Reis reclama do fato de a legislação municipal não permitir o funcionamento de espaços reservados para fumantes, os chamados fumódromos. "Como as pessoas precisam sair do bar, inevitavelmente haverá conversa e barulho do lado de fora", diz. "Já tive um grande investimento em isolamento acústico no Crossroads e no Matriz & Filial por conta de ambos funcionarem em uma área residencial", explica.
Na Justiça
O diretor-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Luciano Bartolomeu, considera a medida "arbitrária". "Deveria punir também quem puxa o cigarro, não apenas os estabelecimentos", diz Bartolomeu, que é proprietário de um restaurante. "E se tivermos que chamar a polícia para retirar um cliente que insiste em fumar, será que os policiais darão prioridade para atender uma ocorrência de assalto ou estupro, ou um fumante?", questiona Fábio Aguayo, presidente da Abrabar.
Tanto a Abrabar quanto a Abrasel aguardam o julgamento de liminares que pedem a suspensão dos efeitos da lei, mas até o fim desta tarde nenhum havia sido acatado e não havia previsão de uma decisão.
Na tarde de terça-feira (17), a Associação Brasileira de Defesa, Amparo e Proteção do Trabalhador (Abradap) protocolou mandado de segurança questionando a constitucionalidade da lei, mas a ação ainda não havia sido distribuída para nenhuma Vara até o fim da tarde desta quarta. "Com essa lei haverá demissões em todos os setores ligados à indústria do cigarro e em bares e restaurantes, já que os clientes deixarão de frequentar esses lugares", alega a advogada da entidade, Margareth Pimpão Giocondo. Segundo ela, o mandado de segurança se sustenta no fato de que uma lei federal já regulamenta as restrições ao cigarro e permite o fumo em áreas reservadas, ao contrário da lei municipal.
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