A Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas do Paraná (Abrabar-PR) pediu oficialmente à Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) e aos comandos das polícias Civil e Militar, que orientem os policiais a não portarem armas de fogo em casas noturnas ou restaurantes. Segundo a entidade, têm sido constantes os casos de abusos por parte de agentes fora de serviço, que entrariam armados em casas noturnas de Curitiba.

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Segundo o presidente da Abrabar-PR, Fábio Aguayo, o fato de policiais de folga entrarem em bares portando armas de fogo tem gerado situações "incontornáveis", causando mal-estar e preocupação entre funcionários dos estabelecimentos e clientes. "Não têm sido poucos os policiais que vão armados para a balada e que bebem, perdendo a noção dos riscos. Se tem uma campanha ‘se beber, não dirija’, precisamos criar uma campanha ‘se beber, não ande armado'", disse Aguayo.

O Estatuto do Desarmamento e portarias estaduais e federais garantem aos policiais a prerrogativa de portarem arma de fogo 24 horas por dia, ainda que não estejam no exercício de suas funções. Os estabelecimentos comerciais não podem impedi-los de entrar armados em suas dependências, mas podem fazer um cadastro na entrada.

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Segundo a Abrabar, a partir de agora, as casa noturnas associadas repassarão semanalmente à entidade uma relação com a identificação dos policiais que entrarem armados nos bares. Os levantamentos serão compilados pela associação e repassados às corregedorias das polícias Civil e Militar, para que tomem providências.

"Sozinho, um bar não vai reclamar, porque os empresários temem represálias. Mas temos que denunciar os abusos, porque, se acontece uma tragédia, a culpa vai recair sobre a casa", disse. De acordo com Aguayo, neste ano, uma única casa chegou a registrar mais de 30 policiais armados em uma única noite.

Outro lado

Por meio de nota, a Sesp informou que, caso os fatos relatados pela Abrabar se confirmem, serão "exceção às regras de conduta impostas aos policiais civis e militares, pelos respectivos regulamentos das corporações".

A Secretaria acrescenta que, se os abusos forem constatados, "impõe-se uma averiguação mais detalhada dos fatos noticiados de forma genérica, de modo a possibilitar a adoção de providências que, eventualmente, se fizerem necessárias".

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Caso grave

O caso que motivou as denúncias da Abrabar ocorreu na quinta-feira (11), véspera do feriado prolongado do Dia de Nossa Senhora de Aparecida. Segundo a Abrabar, um policial fora de serviço entrou armado em um bar localizado nas imediações da Praça da Espanha. Aparentando estar alcoolizado, o agente teria iniciado uma confusão, agredindo mais de dez pessoas – entre três seguranças e um funcionário da casa.

Aguayo disse que a confusão só terminou após o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) ter sido acionado e contido o policial. De acordo com o presidente da Abrabar, as câmeras de segurança gravaram toda a ação e as imagens serão repassadas ainda nesta semana à Polícia Civil.