O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi hostilizado no Aeroporto de Miami, nos Estados Unidos, quando tentava embarcar em um voo para Brasília (DF), na madrugada de segunda-feira (2) para terça (3). Brasileiros que estavam no local proferiram uma série de xingamentos contra o ministro e também puxaram o coro de “sai do voo”.
O ministro estava em um guichê no saguão do aeroporto no momento do incidente. As informações foram publicadas pelos jornais O Globo e Metrópoles. Não se sabe se Barroso, de fato, embarcou no mesmo voo que os manifestantes ou se foi acomodado em outro.
Os vídeos publicados pelos jornais mostraram o momento em que o ministro saiu do guichê e seguiu para a área de embarque do terminal. Ele foi acompanhado por um segurança do aeroporto até o local.
Ao comentar a situação no aeroporto, Barroso disse que o "Brasil adoeceu" e que foi uma "mistura de ódio, ignorância, espírito antidemocrático e falta de educação".
"É uma mistura de ódio, ignorância, espírito antidemocrático e falta de educação. O Brasil adoeceu. Espero que consigamos curá-lo e que uma luz espiritual ilumine essas pessoas", afirmou o ministro do STF.
Após o episódio, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que irá enviar um ofício à presidente do STF, Rosa Weber, para informar que a Polícia Federal (PF) está à disposição para investigar os episódios de “agressão e ameaças” a ministros da Corte e de outros tribunais.
“São extremistas antidemocráticos, que perseguem magistrados nas ruas, aeroportos, restaurantes etc”, disse o ministro da Justiça por meio das redes sociais.
Outros casos
Essa não foi a primeira vez que o ministro se envolveu em um incidente nos Estados Unidos. Em 15 de novembro, Barroso reagiu a um manifestante que o abordou em Nova York, onde o magistrado participou de uma conferência sobre o Brasil. "Perdeu, mané. Não amola", disse Barroso a um homem que o questionava sobre as urnas eletrônicas brasileiras.
Na mesma ida aos EUA, outros ministros do STF foram alvo de protestos e xingamentos, na noite de 13 de novembro de 2022, em frente à porta de um hotel em Nova York onde estavam hospedados para participar do Lide Brazil Conference, evento organizado pelo grupo empresarial do ex-governador de São Paulo João Doria, que ocorreu entre 14 e 15 de novembro.
Vídeos que circularam nas redes sociais mostraram manifestantes hostilizando os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, chamando-os de "ladrão", "bandido" e outras palavras de baixo calão nos momentos em que deixavam o hotel. O ministro Ricardo Lewandowski também foi xingado ao sair do local.
Protestos e xingamentos foram e têm sido proferidos por simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que contestam o resultado das eleições presidenciais de outubro de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Lula tomou posse no domingo, 1º de janeiro de 2023.
À época, o Supremo Tribunal Federal (STF) publicou nota sobre os incidentes e disse que "atos de intolerância e violência, inclusive moral, contra qualquer cidadão” são incompatíveis com a democracia e o pluralismo de ideias. A manifestação foi assinada pela presidente da Corte, ministra Rosa Weber.
“O Supremo Tribunal Federal repudia os ataques sofridos por ministros da Corte, em Nova Iorque. A democracia, fundada no pluralismo de ideias e opiniões, a legitimar o dissenso, mostra-se absolutamente incompatível com atos de intolerância e violência, inclusive moral, contra qualquer cidadão”, dizia a nota.
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