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Barroso e Mendonça batem boca em julgamento sobre descriminalização do porte de maconha
Mendonça subiu o tom e defendeu que o Legislativo é quem deve decidir sobre a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal.| Foto: Nelson Jr./SCO/STF.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, e o ministro André Mendonça bateram boca no início do julgamento sobre a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal na tarde desta quinta-feira (20).

Ao abrir a sessão, Barroso disse ter recebido uma ligação do presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler, que manifestou preocupação com "desinformação" sobre o julgamento. Barroso procurou afastar a alegação de que o Supremo está legalizando o consumo de drogas.

O presidente da Corte esclareceu que o consumo de maconha “continua sendo um ato ilícito, porque esta é a vontade do legislador”. Ele reforçou que a Corte analisa a natureza da pena para usuários e a quantidade a ser fixada para distinguir o uso pessoal do tráfico. 

“O que acontece é que a mesma quantidade de drogas, nos bairros elegantes das cidades é tratada como consumo, e na periferia é tratado como tráfico. Nós queremos evitar essa discriminação entre ricos e pobres. Basicamente, entre brancos e negros”, afirmou Barroso. 

Mendonça interrompeu Barroso e disse não acreditar que o presidente da CNBB estaria desinformado sobre o julgamento. O ministro subiu o tom e defendeu que o Legislativo é quem deve decidir sobre o tema. "Eu não creio que o presidente da CNBB esteja sendo vítima de desinformação. A opinião dele é compartilhada por mim", afirmou o ministro, que participa da sessão por videoconferência.

Barroso rebateu e reforçou que dom Jaime Spengler demonstrou preocupação por não ter conhecimento sobre o tema analisado. "Me comprometi com ele a prestar esse esclarecimento no início da sessão", disse o presidente do STF.

“Eu não acho que ele tem informação incorreta, não. Eu acho que a informação é essa mesmo. A grande verdade é que nós estamos passando por cima do legislador, caso essa votação prevaleça. O legislador definiu que portar drogas é crime. Transformar isso em ilícito administrativo é ultrapassar a vontade do legislador. Nenhum país do mundo fez isso por decisão judicial”, acrescentou Mendonça. 

Barroso destacou que seu esclarecimento sobre o julgamento foi claro. “"Vossa Excelência acabou de dizer o que eu disse, mas em tom mais panfletário. Vossa Excelência entende que é ato ilícito penal, e tem todo o direito de achar, mas a minha explicação foi absolutamente correta do que está sendo decidido aqui”, afirmou. 

O ministro Alexandre de Moraes reforçou o entendimento de Barroso e disse que há uma "deturpação" dos votos dos ministros sobre o tema.

O STF retomou o julgamento sobre a descriminalização do porte de maconha para consumo pessoal. Até o momento, o placar está em 5 votos a 3 pelo fim do enquadramento penal de usuários.

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