Ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF)| Foto: SCO/STF
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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, mandou soltar uma mulher gestante e mãe de dois filhos menores de 12 anos, que foi condenada à pena de 5 anos de reclusão por tráfico de drogas.

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Na decisão, proferida no dia 22 de julho, Barroso considerou a situação familiar e o fato de a mulher ser ré primária, ter bons antecedentes e não fazer parte de organização criminosa.

A mulher foi condenada pela Justiça de São Paulo, em regime inicial semiaberto, por tráfico de maconha.

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A defesa da mulher recorreu ao STF depois que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou um pedido para fixação do regime aberto.

Segundo a defesa, a mulher preenche os requisitos para que o caso seja enquadrado como tráfico privilegiado, que permite a diminuição da pena de um sexto a dois terços para réus primários com bons antecedentes e que não integrem organização criminosa.

“Nesse contexto, considero suficientemente demonstrada a urgência da deliberação judicial e a plausibilidade jurídica do pedido cautelar verbalizado nestes autos, notadamente ante a possibilidade concreta de eventual incidência da minorante do § 4º do art. 33 da Lei de Drogas, com repercussão tanto no regime penitenciário quanto na substituição da pena (arts. 33 e 44 do Código Penal)”, disse Barroso na decisão.

Caso do 8/1

A decisão do ministro contrasta com o entendimento do Tribunal sobre o caso envolvendo outra mãe de dois filhos pequenos. Trata-se da cabeleireira Débora Rodrigues, presa no âmbito dos inquéritos que apuram os atos do 8 de janeiro.

Débora é acusada de pichar, com batom, a frase “Perdeu Mané” na estátua “A Justiça” durante as manifestações do 8/1.

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A pichação faz alusão a uma frase dita por Barroso após a eleição de 2022, em Nova York, a um brasileiro que o questionou sobre a atuação política do STF, principalmente, em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A reação do ministro foi gravada.  

Ao voltar para o Brasil, Barroso disse que não se arrependeu da fala e reclamou dos xingamentos que recebeu de brasileiros enquanto esteve em Nova York.

Presa em março deste ano por causa da pichação, a cabeleireira que estava no Centro de Ressocialização Feminina de Rio Claro, interior de São Paulo, foi recentemente transferida para um complexo de segurança máxima localizado a cerca de 125 quilômetros da cidade de Paulínia, onde vive a família. 

Antes da transferência, a família percorria cerca de 130 quilômetros - 65 para ir e outros 65 para voltar - para visitar a cabeleireira. Agora, o percurso será de 250 quilômetros.

Como apurou a Gazeta do Povo, a defesa de Débora não foi avisada previamente sobre a transferência. Vale ressaltar que Débora segue presa sem condenação e até o início deste mês não havia nem sequer denúncia do Ministério Público Federal (MPF).

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Débora foi levada para um presídio na cidade paulista de Tremembé, onde já foram presas Suzane von Richthofen, condenada a 16 anos de reclusão pelo assassinato dos próprios pais; e também Elise Matsunaga, condenada a 16 anos e três meses por matar e esquartejar o marido. 

Filhos ficaram 40 dias sem contato com a mãe

De acordo com a técnica de enfermagem Cláudia Silva Rodrigues, irmã de Débora, os familiares foram obrigados a refazer os documentos de visitação e ficaram 40 dias sem poder reencontrar Débora durante o período de mudança de presídio.

Segundo a família informou à Gazeta do Povo, as crianças se reencontraram com a mãe no último domingo (21).

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]