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Brigas de vizinhos

Barulho é a principal reclamação

O assassinato de Sérgio Alaor Kluppel pelo síndico do prédio onde morava, José Francisco da Fonseca Prestes, na quinta-feira, chamou a atenção para as desavenças entre vizinhos. Embora sejam poucos os casos que chegam a níveis tão extremos, algumas brigas acabam exigindo a intervenção da Justiça para que os problemas sejam resolvidos. Em Curitiba, após o registro da ocorrência, os casos são encaminhados ao Juizado Especial Criminal. O órgão é responsável pelas infrações de pequeno potencial ofensivo, com penas de até dois anos.

O juiz Gilberto Ferreira conta que a maioria dos casos de intrigas entre vizinhos que chega ao Juizado se deve ao barulho de festas, som alto ou até brigas conjugais. De janeiro a agosto desse ano, foram registradas 349 ocorrências de perturbação do sossego e da tranqüilidade, que abrangem grande parte desses conflitos. "No entanto, a animosidade entre vizinhos normalmente envolve outras questões, como embriaguez ou drogas. Nosso trabalho não é apenas acabar com a briga, mas também descobrir a causa", explica Ferreira.

O trabalho do Juizado é conciliar os envolvidos de forma a obter um acordo entre eles. O conciliador Arion Schwinden trabalha diariamente em audiências de conciliação e afirma que, além da perturbação do sossego e da tranqüilidade, alguns casos de brigas entre vizinhos resultam em outros tipos de infrações, como ameaça, lesão corporal e crimes contra a honra.

O professor de Sociologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Lindomar Wessler Boneti, explica que as confusões ocorrem devido ao contexto atual de urbanização. "Os vizinhos começam a competir pelo espaço, pensando apenas no direito individual e esquecendo que existe um espaço coletivo que deve ser respeitado", diz.

Algumas vezes, os conflitos acabam passando para o ambiente virtual. Um morador do bairro Pilarzinho, que não quis se identificar, conta que um vizinho criou uma comunidade no Orkut sobre o condomínio e começou a ofender colegas de edifício e o síndico. O caso foi resolvido somente com a mediação de um juiz, que ordenou o fim da comunidade e uma retratação pública, fixada nos murais do condomínio por 30 dias.

Já em um condomínio no bairro Cabral, um abaixo-assinado exigindo a mudança de um inquilino resolveu a questão. Há cerca de dois anos, o morador assustou todos os vizinhos de madrugada. A confusão começou quando ele acendeu um cigarro na portaria do prédio. Ao ser advertido pelo porteiro de que não poderia fumar ali, quebrou a porta de vidro e, ensangüentado, saiu batendo em todas as portas pedindo socorro. "Nunca senti tanto medo como naquele dia porque eu não sabia o que estava acontecendo", conta o estudante Bruno Ortiz.

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