O advogado do Instituto Royal defendeu nesta terça-feira (29) que os cães utilizados em laboratório estavam em "ambiente adequado de tratamento", além de terem momento para "recreação".
"Acredito que a sociedade pode e deve discutir a questão do teste em animais, mas gostaria de deixar muito claro que tudo o que é feito nas dependências do instituto hoje é feito na mais absoluta ordem e legalidade", disse Alexandre Domingues Serafim em audiência pública na comissão de meio ambiente da Câmara dos Deputados.
Há pouco menos de duas semanas, ativistas retiraram 178 cães da raça beagle e coelhos de um laboratório do Instituto Royal, em São Roque (SP). Os manifestantes acusaram o laboratório de maus-tratos. O instituto, por sua vez, classificou a atitude como "terrorismo".
Sob vaias e gritos de ativistas, Serafim argumentou que o instituto possui uma comissão de ética sobre uso de animais há quatro anos e argumentou que perícia do Ministério Público realizada recentemente não identificou irregularidades no local.
Ele também criticou a ação dos manifestantes e apontou a ação como justificativa para a ausência de representantes da Royal - a diretora-geral do instituto, Sílvia Ortiz, estava entre as convidadas da audiência.
"Infelizmente não foi possível os membros do instituto estarem aqui. O instituto foi invadido e depredado, virado do avesso, de ponta cabeça. Hoje eles estão totalmente [empenhados em] recuperar ou tentar fazer um inventário de todas as perdas com a violência que foi praticada", afirmou.
A fala do advogado foi rebatida pela presidente da Uipa (União Internacional Protetora dos Animais), Vanice Orlandi.
"Não é verdade que o tratamento é bom. (...)Os latidos dos cães são tão incessantes que os funcionários usam protetor de ouvido e, junto com o odor das fezes, formam um ambiente extremamente estressante aos animais", disse.
"Animais felizes fazem boa ciência"
Professores de medicina veterinária também foram convidados a participar do debate. Professor de medicina veterinária da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo), Stelio Pacca Luna, ponderou que o uso de cobaias é importante para o desenvolvimento de vacinas, cirurgias, próteses e transplantes.
Ele ponderou, no entanto, que é possível dispensar o uso de animais no teste de produtos cosméticos.
"Animais felizes fazem boa ciência. A ciência não seria bem feita [com animais vítimas de maus tratos]. Quem publica lá fora, em boas revistas, tem que fazer ciência com animais com um mínimo de bem estar. Isso não significa que não haja sofrimento", disse.