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Curitiba

Bebê é encontrado abandonado em praça no Jardim Social

No mapa, o marcador indica o local onde o bebê foi encontrado abandonado | Reprodução/Google Maps
No mapa, o marcador indica o local onde o bebê foi encontrado abandonado (Foto: Reprodução/Google Maps)

Um bebê de aproximadamente três dias de vida foi encontrado abandonado em uma praça no bairro Jardim Social, em Curitiba, no início da noite de quinta-feira (10). Segundo o Corpo de Bombeiros, uma professora universitária encontrou o menino quando voltava do trabalho, por volta das 18h30. A criança foi encaminhada pelo Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate) ao hospital e passa bem.

A soldada Simone dos Santos, socorrista do Siate, conta que a sorte colaborou para que o bebê fosse visto pela professora, que mora próximo à praça. "Ela estava de carro e reduziu a velocidade no cruzamento das ruas Teófilo Soares Gomes e Monte Castelo por causa de uma lombada", diz. "No momento em que ela freava, ela contou que olhou para o lado e viu algo se mexendo". Ainda conforme o relato da mulher ao Corpo de Bombeiros, a suspeita inicial era de que se tratava de filhotes de cão ou de gato que haviam sido abandonados. "Ela resolveu parar o carro e olhar e descobriu que era um bebê, enrolado em um cobertor".

O menino estava bem vestido, segundo a socorrista. Embora o abandono tenha ocorrido durante o dia, a praça tem muito pouco movimento e, por conta da quantidade de árvores que existe no local, ninguém viu o momento em que a criança foi deixada. "A professora perguntou para várias pessoas dali e todos disseram que não sabiam de nada". Junto ao menino, não havia nenhuma carta.

Simone não soube informar o nome da professora que recolheu a criança, mas lembra que ela foi cuidadosa com o bebê. "Ela levou o menino para a casa dela, que fica a duas quadras da praça onde ele foi encontrado, e de lá esperou a chegada do Siate", diz. De ambulância, o menino foi levado ao Hospital Evangélico, onde ainda se encontrava na manhã desta sexta-feira (11), sem previsão de alta.

Segundo o pediatra Gilberto Pascolat, coordenador do setor pediátrico do Hospital Evangélico, estima-se que a criança tenha três dias de vida. O bebê, de 50 centímetros e 3,260 quilos, e que já é chamado de Pedro pela equipe de enfermagem, não apresenta nenhuma lesão física. "Aparentemente também não tem nenhuma doença, mas ainda estamos esperando os resultados da sorologia para confirmar", diz o pediatra. "Ele está supertranquilo. Chegou com bastante fome aqui, mas agora está dormindo", conta.

De acordo com Pascolat, o período de gestação do menino foi de nove meses. Ele ainda estava com o cordão umbilical quando foi encontrado. "E podemos afirmar que ele não nasceu em casa, mas em maternidade, já que tinha elástico no cordão umbilical e marca de vacinação no braço", diz. Apesar disso, segundo o pediatra, é possível que a criança ainda não tenha sido registrada, uma vez que nem todas as clínicas fazem o serviço de documentação no momento do nascimento.

A assessoria de imprensa do Hospital Evangélico informou que o bebê passou por novos exames na tarde desta sexta-feira (14) e estava bem.

Já o superintendente do Nucria (Núcleo de Proteção a Crianças e aos Adolescentes Vítima de Exploração Sexual e Maus Tratos), Luiz Gustavo Dias de Souza, afirmou que as investigações foram iniciadas e que o primeiro passo será ouvir as testemunhas, especialmente a professora que encontrou a criança.

Segundo o Conselho Tutelar, a mãe e o pai do bebê podem ser processados por abandono de incapaz e também por negligência, dependo das investigações. O órgão irá analisar a situação, e – caso a mãe seja encontrada - buscará saber qual foi a motivação do abandono. Dessa forma, a mãe poderá receber ajuda psicológica e outros tipos de acompanhamento. E se demonstrar que tem interesse em ficar com o bebê, o caso será criteriosamente analisado pelo Conselho Tutelar, que deverá dar um parecer sobre o caso.

Mas, a decisão caberá a Justiça, que poderá determinar a destituição do poder familiar e encaminhar o menino para adoção, segundo explicou a promotora da 1a. Vara da Infância e Juventude (de risco e proteção), Michele Rocio Maia Zardo.

A promotora afirmou que a outra possibilidade é de que, após o julgamento do processo, o juiz opte por manter a criança com a mãe. "Nesse caso, o Ministério Público poderá recorrer da sentença", explicou Michele.

E se a mãe não for localizada, o bebê será declarado como "infante exposto" e também será encaminhado para adoção.

Bebês abandonados

Em setembro deste ano, o mesmo hospital recebeu um bebê recém-nascido que foi encontrado sob uma lixeira, na cidade de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. A criança, um menino que ainda estava preso ao cordão umbilical, foi achada por um morador do bairro Weissópolis, pouco depois da meia-noite.

O coordenador do setor pediátrico do Hospital Evangélico lamenta que esse tipo de caso tem sido recorrente nos últimos anos. "Todos os anos recebemos entre duas e três crianças abandonadas. Isso fora as que não chegam até aqui", diz.

Há exatamente um ano, em dezembro de 2008, uma menina de 10 dias, com aproximadamente três quilos, foi abandonada em um banheiro da Rodoferroviária de Curitiba. A menina foi levada ao Hospital Pequeno Príncipe, onde passou por sessões de fototerapia para tratar de icterícia, doença comum em bebês que os deixa com a pele amarelada.

Como nos demais casos, após receber alta médica, a criança encontrada no Jardim Social será encaminhada ao Conselho Tutelar, onde ficará disponível para adoção.

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