Demorou menos de 48 horas o seqüestro de um bebê de dez meses retirado de dentro do Lar dos Bebês, em Cascavel. A Polícia Civil deteve ontem, em Maringá, um casal que confessou o crime. O bebê foi encontrado por um lixeiro dentro de uma caixa de papelão, em frente a um comércio, na cidade de Floresta, por volta das 6h30 de ontem.
Encaminhada ao Hospital Municipal Santa Maria, ela foi examinada e não apresentava sinais de trauma. "A criança sorria e não estava assustada", comentou a enfermeira Silvanir Pereira. O bebê foi levado para Maringá após a chegada dos policiais e da coordenadora do orfanato, Rosângela Levandowski, que a reconheceram. "É um alívio poder encontrá-la bem", avaliou Rosângela, já com a criança no colo.
O comerciário Rodrigo Fabiano de Aquino, 32 anos, foi preso no centro de Maringá. Logo depois, a esposa dele, Sandra Mauro Leal de Aquino, 30 anos, se apresentou na delegacia. "A gente não vai falar nada e não é pra mostrar a gente", exigiu, nervoso, Aquino. O comerciário chegou a avançar contra os jornalistas enquanto sua esposa chorava de cabeça baixa e sentada em um banco. A mulher correspondia ao retrato falado divulgado pela polícia de Cascavel.
Em depoimento ao delegado-chefe da 9.ª Subdivisão Policial (SDP), de Maringá, Marcolino Aparecido da Costa, eles contaram que o crime foi motivado pela impossibilidade de Sandra em ter filhos.
Estudante de Direito, ela disse que, no dia do seqüestro, apenas pegou o bebê no colo e saiu andando do orfanato, sem problema algum. Eles estão casados há nove anos e mudaram para Maringá no mesmo dia do seqüestro. Os pais de Rodrigo residem na cidade e não concordaram com o caso, levando a criança até Floresta.
Depois dos depoimentos, o casal foi liberado porque não houve flagrante. O delegado-adjunto da 15.ª Subdivisão Policial (SDP) de Cascavel, Donizete Botelho, não tem dúvidas de que o crime foi premeditado. Ele vai solicitar à Justiça a prisão preventiva dos dois com base no artigo 237 do Estatuto da Criança e do Adolescente. O crime prevê de dois a seis anos de prisão.
Botelho disse que o bebê seria devolvido ao orfanato, que tem a sua guarda. A chegada da menina era esperada para a noite de ontem. Sua mãe, Marlei Richetti, já manifestou o desejo de criá-la. Essa decisão, segundo Botelho, será decidida pela Vara de Infância e Juventude. Ela não teria condições financeiras de criar a criança.
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