Com o enredo "Um griô conta a história: um olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade", a Beija-Flor ganhou o carnaval deste ano do Rio de Janeiro. Com 269,9 pontos de 270 possíveis, sagrou-se campeã ontem à tarde com quatro décimos de vantagem sobre o segundo colocado Salgueiro.
A apuração foi acirrada até o penúltimo quesito, enredo, quando a vantagem da Beija-Flor saltou de um décimo para três. Com a conquista, a escola de Nilópolis, na Baixada Fluminense, leva o seu 13.º troféu. Seu último título havia sido em 2011, com o tema "Roberto Carlos: A simplicidade de um Rei". Com 263,7 pontos, a Viradouro foi rebaixada para o Grupo de Acesso.
O samba-enredo causou polêmica e ganhou o noticiário internacional. O principal problema refere-se ao patrocínio do governo da Guiné Equatorial, um país de 700 mil habitantes situado na África e governado há 35 anos pelo ditador Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, que tem uma fortuna pessoal avaliada em US$ 600 milhões, de acordo com a revista "Forbes".
Segundo o jornal O Globo, que revelou o caso, o patrocínio é de R$ 10 milhões. A Beija-Flor não confirma nem refuta o valor. O país é um dos maiores produtores de petróleo do continente africano. Só uma autoridade do país homenageado desfilou: Benigno-Pedro Matute Tang, embaixador do país no Brasil. Outros integrantes do governo, entre eles o vice-presidente, Teodoro Nguema Obiang Mangue, o Teodorín, filho do presidente, acompanharam o desfile de um camarote particular, de onde Teodorín acenou quando o embaixador passou no carro alegórico.
Identificada com enredos sobre a cultura africana, a Beija-Flor usou o enredo para enaltecer aspectos da natureza e da cultura do país homenageado, sem menção ao governo do ditador.
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