Em geral sem grandes emoções, o desfile das campeãs do carnaval carioca, na noite de sábado (21), teve dois destaques: a hostilidade de parte da plateia à Beija-Flor, que ganhou a competição com um enredo sobre a Guiné Equatorial, pequeno país africano que vive uma ditadura, e a ovação à Portela, quinta colocada, saudada por sua torcida fiel – possivelmente a maior do Rio – com gritos de “é campeã”.
Como internautas haviam prometido nas redes sociais, a Beija-Flor, apesar de também ter uma torcida forte, foi vaiada desde que seu nome foi anunciado pelo locutor do sambódromo, logo no início da noite. Era possível ouvir “a campeã roubou”, uma tentativa de ofuscar a vibração dos fãs da agremiação de Nilópolis, que exaltavam que “a campeã voltou”. A vitória, a 13.ª em 66 anos de vida da Beija-Flor, sucedeu o sétimo lugar de 2014, a pior colocação da gigante da Baixada Fluminense em 22 anos.
A Portela, que fez um tributo aos 450 anos da cidade do Rio, e era a favorita ao título antes do carnaval, levou seus drones à avenida a despeito da notificação recebida pela Agência Nacional de Aviação Civil. O órgão alertara os dirigentes para o fato de o uso desses equipamentos ser vetado em áreas de grande aglomeração de pessoas.
Três paraquedistas que haviam se apresentado, na segunda-feira de carnaval, antes de a escola passar, dessa vez pousaram na Sapucaí ao fim de sua apresentação. O público tratou a Portela como uma campeã injustiçada pelos jurados, que a penalizaram principalmente nos quesitos evolução, alegorias e adereços e comissão de frente.
O desfile é em ordem decrescente em relação à colocação. Desfilaram Imperatriz, Portela, Unidos da Tijuca, Grande Rio, Salgueiro e Beija-Flor. O sambódromo, que tem capacidade para 70 mil pessoas, estava cheio. O prefeito Eduardo Paes, que é portelense, tocou na bateria; o governador Luiz Fernando Pezão apenas assistiu.